Tempurá misto. Nham! A receita? Está na revista Contigo.
Outro dia começamos a fazer um balanço do site – das histórias de vida, dos blogs, das reportagens da Editora Abril – e percebemos que um dos assuntos mais freqüentes em todas as seções era “comida” (basta dar uma busca no site, como eu fiz ). O almoço na casa da mãe, da bachan (batian, batchan, etc.), o bento (marmita) do undokai, a primeira vez em um restaurante japonês, as guloseimas saborosas e muitas vezes estranhas que se encontra no Japão. Chá, manju, gohan, missoshiru, tsukemono, sukiyaki, udon, mochi com shoyu, "tchan tchan ovo". São ingredientes constantes nas memórias, degustados em casamentos, festivais, almoços de família, em volta de uma mesa enorme. E a gente concorda que é um assunto legal mesmo.
Mesa farta é lugar para comer, para conversar, para trocar idéias, para pensar junto, para festejar. Alias, este é um móvel importante, né? Tem até um participante do site, o administrador de empresas Takeshi Misumi, que se colocou no lugar da mesa para contar as lembranças da família. Na linha "se a minha mesa falasse...".
Também há, claro, relatos de pouca comida na mesa, como conta Paulo Hijo, sobre as dificuldades que a família enfrentou, mas com criatividade. Os imigrantes, em geral, enfrentaram muitos desafios para se acostumar com a comida daqui e inventaram suas próprias soluções.
Na moda
É engraçado como, de meados dos anos 90 para cá, a culinária japonesa virou algo tão na moda.
Renato Nakaya, presidente da Sakura, que faz molho de soja e outros produtos alimentícios, conta como
tinha vergonha de contar para os amigos que, em sua casa, comia-se peixe cru. A apresentadora de TV
Sabrina Sato passou por “apuros” semelhantes - isso ela relata em seu
depoimento em vídeo aqui no site. Hoje em dia, acho que eles se sentiriam menos constrangidos.
Esta semana fomos almoçar na Liberdade, tradicional reduto dos restaurantes japoneses de São Paulo (embora os mais badalados hoje fiquem fora dele), com o
Renato Siqueira, do
blog Cultura Pop. Descobri que eu e ele já tivemos a mesma experiência: de levar amigos para jantar por ali e de eles ficarem emocionados de estar "NA" (talvez ainda exótica para alguns) Liberdade, comendo sushi e sashimi. E, ultimamente, temaki. Temakerias viraram uma febre, né? A revista Playboy já listou “as melhores de São Paulo” no ano passado (com participação da
Gabi Yamaguchi, do
blog Furikake), e a
Viagem e Turismo deste mês dedica umas páginas às “rias”, como kebaberias e temakerias. Já o “
Guia da Culinária Japonesa”, da editora JBC, lista 456 restaurantes japoneses em cidades de São Paulo, Rio e Paraná, sendo 327 em São Paulo.
E, se antes o foco eram sushi e sashimi, agora os començais de plantão estão descobrindo outros itens do cardápio dos restaurantes (dê uma espiada, por exemplo, na categoria Culinária, na nossa
seção de reportagens). Na Liberdade, já tem algumas casas especializadas em lámen e nesta semana descobrimos um “kare-ya” (casa de curry japonesa) novo por lá, também.
Mas, independente da moda e das muitas novidades que continuam a chegar todos os dias, as várias adaptações de comida que os imigrantes tiveram de fazer aqui no Brasil continuam rendendo almoços, jantares e muitas histórias para contar, uma verdadeira cozinha híbrida, como definiu a participante Luci Suzuki. E as histórias que estão reunidas aqui no site são prova disso.
Ah, sim, por falar em "blog Furikake", a Gabi Yamaguchi, que cuida dele, anda meio sumida... É que ela está na China (que chique, hein?), no projeto Abril em Pequim. E está com um blog lá também, o "Olhos Puxados". Contando tudo que ela está vendo por lá. E comendo também. Dêem uma espiada!