Detalhe do catálogo do Tokyogaqui. Se quiser ver completo, clique aqui
Com um pouco de atraso fui conferir a exposição Tokyogaqui que está em cartaz no Sesc Paulista desde o dia 15 de março. São três andares que mostram duas faces do Japão: o lado escuro e intimista do butô e o colorido e a miscelânea da cultura pop. São dois universos completamente diferentes e que fazem parte do mesmo minúsculo país. Por isso que eu falo que tem coisas que só acontecem no Japão.
No nono andar, dedicado ao butô e a Kazuo Ohno, o cenário é bem intimista, com pouca iluminação e figurinos suspensos por fios que, de longe, parecem vultos, ou fantasmas. Pelo espaço, há roupas, objetos pessoais, vídeos e fotos de Kazuo Ohno e outros nomes ligados ao butô.
Três atores (pelo menos dos que eu vi) circulam pelo local, quase que em câmera lenta, com um ar meio perturbado. Não sei explicar. Só sei que me dá uma sensação estranha, como o butô em si que, como já falei pra Pat aqui do site (ela gosta muito do trabalho da Emilie Sugai!), passa uma sensação meio que de agonia. Não consegui ficar muito tempo ali no meio .
O contraste com o quinto andar – dedicado à cultura pop – é enorme. Uma parede de pelúcia rosa-choque e TVs que passam diversos vídeos (como o filme Encontros e Desencontros) já aparecem assim que você sai do elevador. O barulho, uma mistura das máquinas de dança, dos videogames e da trilha sonora do andar, composta por j-pop, j-rock e temas de anime, tokusatsus, entre outros, faz uma referência aos games centers (“gemu senta ou ゲームセンター”) japoneses.
Tem duas máquinas de pump, um Nintendo wii e dois Playstation à vontade para o público usar. Em um lado, em uma câmara separada há a instalação Timeless, em que vídeos são projetados em um quimono. Do outro, há um telão que passa ininterruptamente imagens de meninas dançando parapara. Como é meio escondido, tem até gente que tenta imitá-las.
Uma mini-biblioteca empresta mangás e livros, uma TV de Plasma fica passando animes e um aparelho de videokê disponibiliza músicas em japonês e português. A exposição de toy-art traz bonecos de anime, tokusatsus, robôs etc.
Os elevadores do Sesc também estão todos enfeitados e dá vontade de ficar subindo e descendo só para ver todas as decorações. Peguei um que tinha vários desenhos da cultura pop, como o Doraemon e as meninas de Harajuku, outro que tinha uns kanjis desenhados e umas lanterninhas japonesas no teto, e um terceiro, revestido com papéis que pareciam washis e com aquelas carpas do Kodomo no Hi (Dia dos meninos), que também são chamadas de koinobori.
No Bia Garden (de “beer garden”), montado na comedoria, que fica no último andar, a decoração está bem clean, com direito a mesas baixas, portas de correr com papel de arroz e cardápio repleto de culinária japonesa. Uma máquina de videokê também está lá, mas durante todo o tempo em que fiquei tomando meu café não vi nenhum corajoso tentar soltar a voz.
O Tokyogaqui fica em cartaz até o dia 4 de maio no Sesc Avenida Paulista. Se você não foi, ainda dá tempo! E para conferir a programação completa, confira na nossa agenda.