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Minha família sempre seguiu os costumes japoneses. Era cobrado de nós o respeito aos mais velhos, a disciplina. Nossa refeição também tinha principalmente pratos japoneses.
Desde criança eu freqüento o kaikan (clube) [União Cultural Nipo-Brasileira de São Bernardo do Campo]. Lá tinha um nihongakko (escola de língua japonesa), onde estudei na minha infância. Participava de todas as atividades, como teatro, karaokê. A sensei (professora) me dava muita bronca, pois eu era muito espoleta. Mas aprendi bastante: hiraganá, katakaná (alfabetos japoneses) e alguns kanjis (ideogramas).
Todo ano eu participava do undokai (gincana esportiva). Tinha competição de corrida, pulo, revezamento, disputa de descascar laranja e outras brincadeiras do costume japonês. Era uma confraternização muito gostosa. (Assista ao vídeo de Hugo Hoyama falando dos costumes japoneses)
Foi no kaikan que eu comecei a praticar o tênis de mesa, aos 7 anos de idade.
Eu nem alcançava a mesa direito. Na verdade, era apenas uma brincadeira, ping-pong. Sempre gostei muito de esportes: futebol, vôlei, basquete. Brincava também de “jintori”, que é um tipo de pega-pega com dois times.
Na minha adolescência, participei do seinenkai (grupo de jovens) do kaikan. Organizávamos passeios aos bailes, viagens, era muito legal. Mas, por causa do tênis de mesa, nunca pude ir para muitas festas. Tinha medo de ficar acordado até tarde e chegar atrasado aos treinos e levar bronca do Maurício [Kobayashi, o técnico]. Depois, tive de parar de freqüentar o kaikan por causa dos treinos.
Recebi muito apoio da comunidade japonesa na minha carreira. Hoje sou sempre convidado para festas em kaikans de todo o Brasil. Acho importante que a colônia japonesa permaneça unida. Agora, no centenário da imigração, é importante organizar um grande evento e aumentar o intercâmbio entre os dois países.
Eu pretendo educar meus filhos com a disciplina japonesa. Se tiver um menino, até já escolhi o nome, vai ser Kei, já falei isso para minha namorada, que também é descendente de japoneses. Eu quero homenagear meu amigo Sato Kei, que conheci quando fui treinar no Japão.
E, claro, quero também que meu filho tenha o jeitinho brasileiro, mais solto, alegre. Japonês é tímido. Quando eu era criança era tímido e muita gente achava que eu era metido, pois não conversava muito com os outros. Hoje sou mais sociável, mais cara-de-pau. Quero passar isso para meus filhos.
Depoimento à jornalista Kátia Arima
Fotos: Everton Ballardin e arquivo pessoal de Hugo Hoyama
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil