Conte sua história › Luana Cristina Ireijo › Minha história
Numa das minhas viagens, conheci o Victor. Carioca e com uma única paixão inigualável, além de seu Botafogo, a cultura japonesa.
Tudo era em função da cultura japonesa! Seu ídolo de infância era o Jaspion, seu filme favorito era o “Karatê Kid”, a mulher que desejava casar era a mocinha do “Karatê Kid” (que era uma japonesa). Quando me conheceu, ele se viu realizando um sonho quase impossível morando no Rio de Janeiro, a de namorar uma “japonesinha”.
Nosso amor impossível era amor de verdade, daqueles de filmes românticos, e, apesar de novos, sabíamos o que queríamos.
Sua paixão pela cultura japonesa me fazia ter vergonha pela minha ignorância no assunto, e também pela minha falta de interesse. Ele sabia e entendia mais do que eu. Toda vez que eu explicava algo dos nossos costumes, ele ficava fascinado.
Aos poucos, com ele, fui tendo a consciência de que minha cultura era rica e de extrema importância. E que tudo o que eu sou, os ideais, postura, caráter, era tudo graças aos meus antepassados.
Mesmo retornando ao Japão, continuamos o namoro à distância, mas ainda tendo um amor forte e persistente.
Fui para lá contra a minha vontade, mas as dívidas e a falta de recursos financeiros eram muitas, e a tão sonhada faculdade de Turismo, ficaria em segundo plano.
Fui com o objetivo de voltar a estudar e pagar os estudos com o dinheiro do Japão. Fiquei um ano e meio e comecei meu curso de Turismo. Dessa vez, a Luana sem juízo para estudar e a falta de vontade ficariam presas no passado. O sonho se tornava realidade, mas o lado emocional estaria ficando de lado.
Gostávamos muito um do outro, mas tínhamos objetivos que já não se cruzavam mais. Tudo que prometemos um ao outro não dava mais para sustentar.
Logicamente fiquei triste, era o homem da minha vida, mas, porém, o lado profissional falava mais alto. Minha vocação pela área do turismo era desde o ensino médio.
A minha adaptação não foi fácil também. Tive depressão no primeiro ano em que cheguei do Japão. E um belo dia me lembrei das palavras dele: “quando casarmos, vamos ser budistas!”
Apesar de voltar às raízes com o Victor, não sentia necessidade de conhecer uma outra religião. Era católica de freqüentar novenas todas as quartas. Mas precisava de uma luz, e talvez fosse essa.
Em 2006 conheci a Betina, hoje minha madrinha da Reyiukai. Ela é morena clara, loira de olhos claros, e praticante a dez anos da filosofia budista. Aprendi com esta prática a me centralizar e a mudar meu ponto de vista. Pela primeira vez tive a consciência do que é valorizar as minhas origens.
Parece fácil aparentemente, mas aprendi com o coração e gratidão e a importância disso tudo na minha vida. Além de amar mais meus pais, pedir perdão pelo que já fiz de errado com eles, o amadurecimento e a busca por algo de verdadeiro para mim e para os outros ao meu redor.
Após um ano sendo budista, iniciei o projeto de conclusão de curso, a temível monografia. Como já estava numa fase mais madura e tranqüila, pude escolher com calma o meu tema. Mesmo tendo várias dúvidas, acabei optando pelo que a minha professora e orientadora do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) me deu de sugestão: Análise do Potencial Turístico da Cultura Japonesa em Campo Grande (MS).
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil