Conte sua história › Alice Takahashi Nariçawa › Minha história
No ano de 1969, com 25 anos, casei-me com Lincoln Nariçawa, filho de Sukeçaburo Nariçawa e Kamee Nariçawa, imigrantes de Yamagata-Ken, que aqui chegaram no dia 13/01/36 e foram para a fazenda Santa Olímpia, em São Simão, para trabalharem no cafezal. Meu marido era uma pessoa íntegra, prestativa e muito solidária. Trabalhou muito em prol da comunidade nikkei, fazendo parte da diretoria da Associação Cultural Nipo-Brasileira de Taubaté. Convivemos em harmonia durante 34 anos. Faleceu em 18/10/2003, com 66 anos de idade.
Tive três filhos: Fernando, engenheiro, com 33 anos, casado com a Carla Ito; Ricardo, advogado, com 31 anos, solteiro; e o Fábio, filho mais velho, engenheiro, que era casado com Andréa Naomi. Infelizmente, o Fábio faleceu em junho de 2007, aos 36 anos de idade. Foi um fato muito triste que ocorreu na minha trajetória de vida.
Felizmente, para sua continuidade e para o meu consolo, ele deixou como herança duas lindas e “kawaii” netinhas (Júlia, de 5 anos, e Camila, de 2 anos), as quais amo muito de coração!
Aos 42 anos, incentivada pelos filhos, ingressei na Faculdade de Direito em Taubaté e me formei em 1990, concretizando mais um sonho que acalentava desde menina, e trabalhei por alguns anos na área jurídica, abrindo escritório de advocacia e prestando serviços terceirizados a um banco. Aposentei-me aos 60 anos.
No dia 16 de março 1990, faleceu a minha mãe, justamente no ano da minha formatura. Foi uma pena. Lamentei muito a sua ausência no dia da minha colação de grau.
Depois da minha aposentadoria, comecei a alimentar outros sonhos, por exemplo, viajar. Como os meus irmãos também planejavam viajar, unindo o útil ao agradável, pela primeira vez, resolvemos viajar todos juntos.
Assim, em agosto de 2007, numa viagem de 12 dias, fomos conhecer Orlando, na Flórida.
Conhecer o mundo encantado idealizado por Walt Disney, a Disney World, era o meu sonho, que consegui realizar mesmo depois de “velhinha”.
Visitamos os principais parques. Cada parque tem sua característica marcante que o diferencia dos demais. Pena que é praticamente impossível conhecer todos em detalhes em uma única viagem.
O mais difícil foi correr atrás da nossa guia, parecia que tinha “rodinha” nos pés. Era só me distrair um pouco e ela já havia sumido no meio dos turistas. Falar o inglês, então, foi a coisa mais difícil, precisei fazer muitas e muitas mímicas! Foi muito cômica e ao mesmo tempo triste a minha situação. Ainda bem que os americanos se esforçavam para me entender. Cheguei à conclusão de que preciso mesmo estudar mais o inglês.
Mas o que mais me impressionou foi a obesidade da maioria dos americanos. São muito obesos mesmo!
A minha primeira viagem ao exterior foi uma experiência inesquecível. Adorei!
Enfim...
Sinto-me orgulhosa de ser nikkei, pois vejo filhos, netos e bisnetos de imigrantes destacando-se em todas os campos de atividade, contribuindo para o desenvolvimento do nosso país. Após cem anos, é possível perceber que, apesar do sofrimento e das dificuldades, os imigrantes japoneses são vencedores! Cada qual construiu a sua própria história de vida!
Acho muito importante perpetuar as tradições milenares de nossos ancestrais e para maior e melhor entendimento da história nipônica, li recentemente o livro “Japão, passado e presente”, obra de José Yamashiro, onde ele conta os mistérios do povo japonês.
Hoje, com 63 anos de vivência, posso dizer que tenho a minha consciência tranqüila, pois: "Tudo fiz, visando sempre fazer o melhor!”
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil