Conte sua história › Luciene Shirado › Minha história
Meu pai é o quinto filho de nove irmãos. Meu avô, Seiguen Shirado, nasceu em Motobu-cho, no dia 11 de fevereiro de 1901 e, em 1927, chegou ao Brasil. Minha avó, Kamade, nasceu em 18 de janeiro de 1907 em Motobu-cho e chegou ao país alguns anos mais tarde. Em 1939, mudaram-se para a colônia Mata do Segredo, onde a família tem uma residência até hoje. Minha avó faleceu em 19 de junho de 1993, aos 86 anos, e o meu avô, em 11 de outubro de 1997, no mesmo ano em que completou 97 anos (pela contagem japonesa), idade da celebração da “Festa de Kajimaya” (Festa do Catavento).
Minha mãe é a sétima filha, tem sete irmãs e um irmão. Meu avô materno, Seitso Tokuyama, nasceu em Makya - Haneji (atualmente pertencente à cidade de Nago, Okinawa) em 2 de novembro de 1898. Chegou ao Brasil em 1922 em busca de trabalho com o sonho de conseguir voltar à terra natal. Minha avó, Kame, nasceu em Oguimi-son, Okinawa, no dia 20 de fevereiro de 1902, e veio para o país depois do meu avô. Trabalharam na agricultura e em 1948 mudaram-se para a colônia Mata do Ceroula. Atualmente meu tio, o único filho homem, cultiva verduras e mora na chácara. O avô Seitso faleceu em 27 de junho de 1973 e a avó Kame faleceu em 14 de julho de 1982.
Tenho boas lembranças dos meus avós. Durante os finais de semana íamos visitá-los e passear na chácara onde moravam. Minha avó misturava o dialeto okinawano e o português, gostava de costurar e cantar, era muito carinhosa e sempre nos recebia com abraços. Meu avô sempre foi muito sistemático, lia muito e chegou aos 97 anos lúcido e forte. Suas palavras sempre soaram duras e eram como sermões, enquanto apenas balançávamos a cabeça em sinal de entendimento. Falando somente em dialeto, a mensagem do meu avô era sempre a mesma: estudar bastante, porque o estudo é uma das riquezas mais importantes que podíamos ter.
Quando estive em Okinawa, o aspecto familiar de algumas casas antigas foi algo que chamou muito a minha atenção, era semelhante à chácara dos meus avós. Acredito que meus avós depositaram no Brasil grandes esperanças, mas nunca se esqueceram de sua terra natal, que carregaram consigo nos pensamentos e dentro do coração.
Depoimento ao jornalista Luciano Shakihama
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil