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Osamu Takimoto

Rio de Janeiro / Rio de Janeiro - Brasil
85 anos, Engenheiro aposentado

Parte 2 Início de assalariado


Viver feliz depende da conseqüência do próprio ato. Isto significa que felicidade é feito pelo próprio. Nesse contexto quando não há arrependimento da sua decisão o sujeito é feliz. Eu tive algumas ocasiões que tomei decisão para mudar rumo da minha vida. Algumas vezes fui obrigado a seguir resultado ou conseqüência de outrem. Neste mundo tudo é entrelaçado, portanto, a minha decisão pode provocar a infelicidade de alguém ou vice-versa.

No mês de Agosto de 1966 vim para o Rio de Janeiro por convite de meu tio que morava em Alcântara. Fiquei sem emprego até o fim daquele ano quando surgiu a chance de entrar na Light que era uma empresa canadense sem saber falar português direito ainda. Eu fui entrevistado pelo Sr.Lisbôa que era encarregado da seção de Telecomunicações e Eletrônica. Lógico que ele teve muita paciência comigo para entender e transmitir o tema de entrevista. Ele era uma figura um pouco diferente, bem sistemático e ético como pessoa de antigamente.

Nessa época que comecei a trabalhar, mudei de Alcântara para Tijuca num quarto alugado. Quarto era suficiente para colocar minhas coisas bem arrumadas e armar bancada para revelação de fotos monocromática em cima de mesa pequena. Naquela mesa também serviu de fazer biscate, conserto de rádio de pilha, que era mais para passar tempo. Quarto era um dos cômodos de apartamento de dois quartos. Quem me alugou, dona Ivone, na verdade não era proprietária quer dizer era subalugado. Ela pagava para proprietário um terço da quantia que eu pagava para ela, coisa da época. Dona Ivone tinha uma filha e um amante rapaz mais ou menos da idade da filha. O resto nem precisa contar bagunça que havia naquele apartamento.

Um mês depois que me ingressei na companhia houve desastre ecológico na área de usina, danificando a maior e mais moderna usina do sistema da Light, distante 70km do Rio. Para atender a contingência de serviço eu fui enviado na área da usina em semanas alternadas por ser funcionário solteiro. Eu conseguia me comunicar com os companheiros e cada vez melhorando o domínio da língua portuguesa. No início meu Diretor sempre falava comigo em inglês e eu respondia em português capenga. No período daquele plantão na usina eu recebia horas extras que somava boa quantia. Juntei essa grana extra e adquiri no ano 67 um carro usado modelo 65 que não parava de dar problema.

Eu tinha carteira de motorista internacional, mas, entrei numa auto-escola e tirei carteira de habilitação. Naquele tempo cada técnico dirigia carro da empresa com autorização apropriada. Havia garagem oficina perto da Central do Brasil e lá tinha porteiro que anotava a entrada saída de veículo e nome do motorista. Primeira vez que entrei, ele me mandou parar o carro e pediu a minha autorização. Fiquei bastante impressionado com a boa memória dele, pois, apresentei meus dados só naquela vez e nunca mais ele perguntou nada apesar de ter repetido mil entradas e saídas.

Durante plantão na área de usinas conheci algumas famílias residentes na vila da usina entre elas o tio da minha esposa, Sr.Cesário. Ele era responsável pelo sistema de comunicação telefônica da usina. Já que era do mesmo ramo de comunicação logo ficamos amigos.

Vida profissional não há o que reclamar pois serviu de escola da sobrevivência. A questão salarial eu nunca protestei, apesar de ter injustiçado como carreira dentro da empresa. Concorrer salário prejudicando colega a quem merece mais não era do meu estilo. Vale lembrar que viver feliz não depende só de recursos financeiros.

Meu patrimônio evidentemente não é grande coisa. Melhor patrimônio da minha vida foi educar meus quatro filhos nas melhores escolas e todos concluíram curso superior. Na época que três primeiros filhos, com diferença de idade de dois anos e meio, despesa era grande. Para aumentar o salário abandonei a Fundação, em conseqüência, não tenho complemento da aposentadoria. Vivo com orçamento mensal na medida do possível sem luxo sem supérfluo. Meu carro é de 96 que já rodou 260Km e continuarei com ele até acabar. Nunca senti que sou pobre, porém com essa medida do governo sobre aposentadoria, com certeza, ficarei na classe Baixa/Média, ou seja, classe social “D” em breve se já não estou.


Enviada em: 07/07/2009 | Última modificação: 28/07/2009
 
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Comentários

  1. Elika Takimoto @ 1 Nov, 2008 : 13:44
    Orgulho de ser sua filha! Poderia agora contar a todos como conheceu mamãe e se entenderam sem ela saber falar japonês e você o portuguës! : )

  2. cesarsleal @ 1 Nov, 2008 : 14:18
    essa historia é um exemplo de vida e de perseverança! Parabens seu takimoto!!! seu valor e seu legado são inestimaveis...um grande abraço

  3. greuza @ 1 Nov, 2008 : 14:23
    takimoto; adoro a sua historia. Não poderia ser mais bonita, como voce. Admiro muito toda sua familia, alem de amar a sua filha "EkA", minha norinha. beijos

  4. greuza @ 1 Nov, 2008 : 14:24
    takimoto. Continue escrevendo, pois gosto muito da sua historia.

  5. Regina Coeli @ 1 Nov, 2008 : 18:03
    Parabéns Osamu!!! Trabalhamos muitos anos juntos e posso dizer que vc é um exemplo de vida e que aprendi muito com vc, na vida conhecemos muitas pessoas, muitas passam e poucas ficam, pessoas essas que realmente marcam por seu companheirismo, amizade e acima de tudo dignidade. Você, Osamu é uma dessas pessoas raras e cativante, que podemos contar sempre até nos momentos mais difícies, você é o CARA. Obrigado pela sua amizade, por ser uma pessoa que marca tão somente por ser você mesmo, continue escrevendo amigão adorei a sua historia !!!!!!!!! Voce é um presente de Deus !!!!

  6. Lydiane @ 1 Nov, 2008 : 22:43
    Papai, te amo muito!

  7. Regina Nunes @ 1 Nov, 2008 : 23:13
    História de um verdadeiro "guerreiro" com grandes vitórias. É um grande exemplo de vida. Voce venceu e sempre trilhando o caminho da honestidade e da perseverança. Voce poderia escrever um livro. Histórias como a sua devem ser registradas e divulgadas. Parabéns!!!

  8. Patrícia @ 2 Nov, 2008 : 00:23
    Parabéns Seu Takimoto!!!Sua vida é um exemplo de corajem e determinação, e agora eu já sei de quem a Élika herdou o dom de escrever e contar estórias.Continue escrevendo.Um grande abraço.

  9. Tatiana Takimoto @ 2 Nov, 2008 : 06:58
    Sua história é extremamente linda meu pai! Como eu já disse, você é um exemplo e tenho muito orgulho de você. Sua luta, suas conquistas, seus medos vencidos, seus filhos criados com tanto amor e carinho. Nunca vi pai tão atencioso e tão preocupado em nos dar uma vida alegre cheia de lembranças boas. Muito obrigada por ser meu pai, te amo!!!

  10. José Carlos S. Faia @ 3 Nov, 2008 : 00:45
    Grande amigão, Ao longo de anos estivemos juntos na empresa em que trabalhamos, aprendi muito com você, mas o mais incrível de tudo é que nossa amizade se estreitou e muito após a nossa aposentadoria. OT, você não deixou que o afastamento da empresa deixasse que os colegas debandassem, haja visto os encontros mensais que você organiza para todos nós; isto é uma confraternização mensal que você proporciona aos nossos amigos. Como já foi dito antes, VOCÊ É O CARA!!! Sou feliz por tê-lo na lista de meus melhores Amigos.Ouviu AMIGÃO. Beijos e abraços para você e sua grande e maravilhosa Família. PS.: Não pare de escrever; pois esta história, junto com a Família (esposa, filhos, genros, nora e principalmente netos)ainda vai virar livro, é só acreditar nisso (vá em frente). Faia

  11. Tony Takimoto @ 3 Nov, 2008 : 09:18
    Estou escrevendo isso pelo celular que é o que eu tenho aqui (quebrei o punho andando de skate e estou no hospital). Novidade no texto foi a razão de não gostar de feijão. Ter tão pouco a descobrir sobre meu pai demonstra quanto somos amigos.

  12. Preguinho @ 7 Nov, 2008 : 22:48
    Nossas histórias de vida se cruzaram por pouco tempo (menos de 3 anos trabalhos juntos). E quase 30 depois nos re-encontramos graças à sua iniciativa de reunir um Grupo de Amigos da Light. Agora, conhecendo a sua história de vida, posso entender melhor porque tantos têm tanto carinho por você. Muita coragem você teve para abandonar tudo na sua terra natal e se lançar numa viagem sem volta para fazer vida num outro país tão distante e desconhecido. Uma história muito bacana. Parabéns por sua família. Vida longa e um forte abraço!

  13. Daniel @ 6 Jun, 2009 : 12:48
    Ola so queria dizer que meu sobrenome tbm e takimoto e sua historia e muito bonita parabens

  14. Mario Katsuhiko Kimura @ 8 Jul, 2009 : 03:20
    Sr. Osamu Takimoto, Li as suas historias, gostei. Parabéns. Mostra ser uma saga de imigrante japonês que com muita galhardia venceu a vida neste longínquo Brasil. O senhor pertence a outra leva de imigrantes, diferente da que pertenceu meus pais (sou nissei), no entanto, verifica-se que foi tão sofrida quanto deles. Parabéns pela superação, formação da bela família com sucesso. Grande abraço, saúde e paz.

  15. Tata @ 8 Jul, 2009 : 06:04
    Saudades de você, meu pai... essas suas histórias me comovem. Alguns detalhes nem eu sabia. Mas o importante disso tudo é que a sua vida sempre foi muito digna e seus filhos herdaram seus valores que eu admiro demais e hoje tento passar para seus netos. Te amo... ai que saudade... vem pra cá!

  16. Elika Takimoto @ 9 Jul, 2009 : 03:28
    Mas você não contou como foi pedir a mão da mamãe em casamento!!!! Comece a escrever, então. Esse pedaço é muito bom! Bjs Sua filha-chiclete.

  17. Erika Noguchi @ 9 Jul, 2009 : 06:30
    Sr Osamu! Parabéns pelas histórias! Quando leio seu blog, quase vejo a história do meu pai... (aliás, tenho falado pra ele seguir o seu exemplo e escrever suas histórias também!). Um abraço, com muita admiração!

  18. Thaís Nunes @ 20 Jul, 2009 : 12:05
    Bela história...

  19. Thaís Nunes @ 20 Jul, 2009 : 12:24
    Me emocionei com a história do pai da minha eterna professora de Física!! Parabéns pela coragem e determinação do senhor, Srº Osamu Takimoto.

  20. Osamu Takimoto @ 7 Abr, 2010 : 14:13
    Boa noite! Meu nome é Flávia de Oliveira Carvalho só entrei no site para procurar um pessoa que fez parte da minha juventude! Morei em Carajas (PA) e entre os anos 80 e 90 conheci um rapaz chamado Jun Moto (não tenho certeza do sobrenome dele!!). Nós o chamavamos dessa maneira. Ele foi estagiário da CVRD (VAle do Rio Doce). Ele morava em Belem (PA). E a ultima notícia que tive dele é de que estava trabalhando como aviador. Em momentos vagos DJ's! Qualque notícia eu agradeceria muito a você. flaviacavalc@yahoo.com.br Busca: colônia japonesa de Belém no Pará

  21. João Nunes Filho @ 4 Dez, 2010 : 14:59
    Moro atualmente em Brasília, mas fui durante toda minha vida vizinho da família de sua esposa, estudei o primário com o Saulo e sou amigo de todos eles, graças a Deus.Fique com Deus, um forte abraço

  22. João Nunes Filho @ 4 Dez, 2010 : 15:48
    Sou amigo da família da Ruth, como já falei.Gosto de todos , em especial do Saulo , com quem estudei o primário, gosto até dos gatos. Por favor mande um abraço a eles. joaofilhonunes@bol.com.br 61-3384-9856 61-9625-3906

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