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José Maria Filardo Bassalo

Belem / Para - Brasil
89 anos, Professor aposentado

Mestrado e Doutorado na Universidade de São Paulo


Relacionamento maior tive com nikkeis quando estudei e defendi o Mestrado e o Doutorado, no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP), entre 1968 e 1975. Lá, fui colega de estudo dos então alunos de Física: Yashiro Yamamoto, Sadao Isotani, Hideaki Miyake e Shozo Motoyama. Além disso, fui aluno dos físicos Jun-ichi Osada, Shigeo Watanabe, bem como amigo do casal Kasuo e Nobuko Ueta (este casal, embora hoje aposentado, continua pesquisando no IFUSP), todos esses professores daquele Instituto. De cada um deles, tenho lembranças inesquecíveis.
Antes de falar desses amigos nikkeis, é oportuno registrar que fiz novos amigos nikkeis por ocasião do célebre movimento estudantil que aconteceu, em maio de 1968, em Paris, liderado pelos estudantes Daniel Cohn-Bendit e Tiennot Grumbach, cujos primeiros reflexos aconteceram logo em junho, no IFUSP. Desses amigos, recordo-me de: Mauro Kyotoku (hoje, físico exercendo atividade na Universidade Federal da Paraíba), Kazunori Watari (hoje, físico desempenhando também atividade no IFUSP), Akiyoshi Mizukami (hoje, físico atuando no Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza), Kazuo Watanabe, Paulo Yamura e Masahiro Miyamoto. Kazuo e Paulo deram excelentes contribuições ao ensino da Física para o Curso Secundário. Com efeito, eles, o físico Fuad Daher Saad, com a colaboração de Sadao, publicaram o primeiro livro brasileiro de Física para o Curso Secundário: FAI – Física Auto-Instrutiva, em cinco volumes publicados pela Editora Saraiva (Volumes 1,2,3:1973; Volumes 4,5: 1974) [8] em que o aluno aprendia Física na medida que respondia às perguntas propostas no referido livro. O Masahiro foi um dos pioneiros na aplicação de Física na Medicina, quando trabalhou no Instituto do Coração (INCOR). Lembro-me do Masahiro dizendo para mim que o METRÔ de São Paulo, quer na construção, quer na operação, precisava de físicos. Era uma antecipação do hoje importante ramo das Engenharias, a Engenharia Física, cujas primeiras idéias foram apresentadas pelo saudoso físico Mário Schenberg, por ocasião das célebres reuniões (acontecidas no Auditório Alessandro Volta, do então Departamento de Física da USP) sobre a Reforma Universitária, uma das principais reivindicações do movimento estudantil de junho de 1968/USP. Aliás, é oportuno registrar ainda que foi desse movimento que surgiram as famosas comissões paritárias compostas de professores e alunos para tratar daquela Reforma.
Agora, descreverei alguns fatos marcantes que aconteceram com alguns de meus primeiros amigos nikkeis, no IFUSP. Comecemos com o Yashiro Yamamoto. Como fomos orientados, tanto no Mestrado como no Doutorado, pelo físico Mauro Sérgio Dorsa Cattani, professor do IFUSP, tivemos oportunidade de conviver com mais freqüência, pois, para escrevermos as nossas Teses, estudamos juntos e chegamos a escrever um trabalho [9], que é uma parte da minha Tese de Doutoramento. Como defendi a Tese de Doutorado, em 1975, e o Yashiro, em 1977, tive a satisfação de fazer parte de sua Banca de Doutoramento. Essa nossa amizade, que continua até hoje, foi estendida a sua mulher, a saudosa Masako, e seu filho Ivan. Conheci, também, os pais da Masako, que moravam em Mogi das Cruzes.
Do Sadao, além de nossas conversas diárias, inclusive almoçando juntos, em restaurantes japoneses, ocasião em que aprendi a gostar do prato Yakisoba, lembro-me de uma relevante contribuição que ele deu para que nós, amazônidas, entendêssemos um pouco mais sobre o nosso guaraná, cujo fruto me foi fornecido pelo Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Norte (IPEAN) [este instituto substituiu, em 1962, o Instituto Agronômico do Norte (IAN)], estudando a sua ressonância paramagnética eletrônica [10].
O Hideaki, por sua vez, foi muito importante na minha vida, pelo fato que narrarei a seguir. Quando estudávamos no IFUSP, certa vez, ele sugeriu que fizéssemos um trabalho sobre câncer, pois, como este apresenta uma variação de temperatura em seu entorno, poderíamos usar os conhecimentos que tínhamos de Termodinâmica para tentar entender essa mudança térmica. Razões outras que não cabem neste artigo, fizeram com que não realizássemos esse trabalho. Contudo, essa proposta me foi útil quando minha mulher Célia teve um câncer de mama. Em Belém, ela teve alguns nódulos mamários benignos que foram operados pelo nosso grande amigo, o médico e cirurgião Guilherme Guimarães [11]. Porém, em outubro de 1994, foi detectado outro nódulo em sua mama direita. Por sugestão do Guilherme, ela, juntamente com sua irmã Ana Maria Coelho Cerqueira, foram a São Paulo, para ser examinada pelo Dr. Antônio Franco Montoro. Eu fiquei em Belém, esperando o resultado da consulta que Célia faria com esse renomado médico, na esperança de que tal nódulo fosse também benigno, como os anteriores. Depois da consulta, ela me telefonou dizendo que o Dr. Montoro havia solicitado uma termografia mamária. Quando recebi essa notícia, lembrei da proposta do Hideaki e disse para nossos filhos Jô (José Maria Coelho Bassalo) e Ádria (Bassalo Aflalo): viajo amanhã para São Paulo, pois tudo indica que sua mãe está com câncer. Cheguei no dia 5 de outubro e, no dia seguinte, 6 de outubro (aliás, data de nosso casamento), ela foi operada de câncer no Hospital Osvaldo Cruz. Creio ser oportuno dizer, neste momento, que graças à perícia do Dr. Montoro, Célia está viva até hoje e, por isso, somos muito gratos a ele.


Enviada em: 29/09/2008 | Última modificação: 29/09/2008
 
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Comentários

  1. luiz henrique rodrigues bassalo @ 28 Mai, 2009 : 11:58
    fico muito feliz em ter como parente uma pessoa como vc. estou muito orgulhoso pela sua inteligencia,um abraço.

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