Conte sua história › Tomiko Gimbo › Minha história
Em 1958, meu padrasto comprou uma fazenda em Tremembé, onde vivo até hoje. Toda família ficou muito feliz, pois antes vivíamos numa casa de sapé. Mas ninguém imaginava a dureza que seria trabalhar para pagar tudo aquilo.
Na dureza, nós prosperamos. Plantávamos arroz japonês e, na entresafra, verdura, tomate, vagem, pimentão. Trabalhar na roça é complicado, pois você semeia,
mas não sabe se vai colher. Enquanto não chegava o dinheiro do pagamento da colheita, não dava para ficar aliviado.
Depois, meu marido Toru resolveu plantar capim para feno. Foi uma boa idéia, pois dá para colher várias vezes ao ano. Mas, para isso, foi necessário se dedicar durante um ano só para preparar a muda. Depois, três anos para completar o plantio, que era feito muda por muda, à mão. Trabalhávamos muito, o dia todo.
Há seis anos, meu marido teve a idéia de cultivar animais exóticos. Ele começou a criação de jacarés, mas faleceu em 2004. Meu filho Francisco hoje cuida de tudo e eu me aposentei. Mas continuo em atividade, ajudando meu filho.
Eu sempre morei com minha família, que era grande. Pensava mais nos outros que em mim, isso era normal. Minha irmã Massako vem me dizer: "Okinê (irmã mais velha), você trabalhou muito na sua vida, sempre se dedicou aos outros, está na hora de aproveitar um pouco a sua vida. Vamos viajar enquanto você tem saúde!".
E me convidou para ir à Disney, nos Estados Unidos. Fiquei na dúvida, pois não sei falar nada de inglês, mas no fim acabei aceitando.
Nunca imaginei que um dia viajaria para o exterior. Trabalhava todos os dias, até aos sábados e domingos, e raramente saía de casa.
No começo da viagem fiquei tensa, mas depois eu virei criança! Por mímica, consegui me comunicar com a garçonete, que me avisou que o chapéu que eu havia perdido estava com meu irmão. Ela disse: "man" e fez um gesto que mostrava que era baixinho e logo percebi que se tratava do meu irmão, Chinobu! Foi muito divertido! (risos)
Se Deus me permitir, quem sabe ainda viajo para o Japão!
Agradeço aos meus antepassados por tudo que me proporcionaram de bom até hoje. Arigato! (Obrigada!)
Depoimento à jornalista Kátia Arima
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil