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ELIZA KIMURA MURAYAMA
Nasceu em Assaí (PR) em 14 de outubro de 1943, terceiro filho dos nove da família de Kumaiti Kimura e Shizuko Kimura.
Acompanhou de perto as diversas fases de vida da família. Desde o fracasso nas lides da agricultura em decorrência da forte geada de 1955, quando a família deixou para trás a cidade de Assaí (PR), mudando-se para Maringá (PR), isto é em 1956.
Participou e também atuou junto com seus manos Atsushi e Keiko no sustento da família, chegando a trabalhar no balcão da confeitaria para venda de produtos elaborados pelo nosso pai Kumaiti.
Após fracasso também nessa atividade, trabalhou na Farmácia e Drogaria do grupo Moribe- Farmácia Morifarma, enquanto que a sua mana Keiko atuava em loja de tecidos- do grupo Andó-,também em Maringá PR.
Em 1957, o irmão Atsushi, filho primogênito da família foi convocado para servir o Exército Brasileiro, em Curitiba (PR).
Não suportando a crise financeira, a família mudou-se para Cianorte (PR) na calada da noite, praticamente fugindo de seus credores.
Lá conseguiu alojar-se num sítio de cinco alqueires, de propriedade de Shinae-san, elemento ético e bondoso, que também atuava no ramo de beneficiamento de arroz na cidade de Cianorte (PR).
Encarou juntamente com seus pais no enfrentamento de lides agrícolas, na formação de cafezais, cultivos de arroz, e pomar de frutas cítricas.
Viu nascer, em 1958, o irmão caçula, Wilson Teruo, em Cianorte Pr.
A Eliza sempre foi determinada, preferiu sempre enfrentamento de todos os serviços até considerados para homens, deixando para a sua mana Keiko os afazeres do lar.
Com o advento do falecimento do nosso pai, ocorrido de forma trágica em 1960, mais precisamente em 26.03.1960, na mesma época da cessação empreitada no sítio do Sr. Shinae que fora vendido, acompanhou a família, na mudança para a cidade de Cianorte e logo em seguida para Umuarama (PR), para formar a lavoura no sítio adquirido na estrada Vermelha, entre Umuarama e Perobal Pr.
Lá também enfrentou as atividades de produção de lavoura branca (algodão, milho, amendoim, café etc)
Com o falecimento do nosso avô Mataki Kimura ocorrido em 26 de junho de 1963, em Londrina (PR), resolveu a família suceder nas tarefas de administrar a chácara. Nessa época o filho primogênito Atsushi já havia casado com a Satiko Ohi e residiam em Umuarama (PR). Vieram para Londrina (PR) os entes da família, juntamente com a nossa mãe, capitaneada pela mesma, e os irmãos menores (Renato, Setsuo, Hideki e Teruo). Eu já estava em Londrina convivendo com os nossos avós, juntamente com o mano Makoto.
Makoto resolveu dar prosseguimento de suas atividades de marcenaria e mudou-se para São Paulo.
A atuação da Eliza era invejável. Tomava frente de tudo, era a verdadeira líder, e com certeza agia e atuava no papel do nosso pai.
Trabalhou até em feira livre, vendendo as frutas da chácara aproveitando-se de um pedaço do balcão cedido gentilmente pelo Yonamine, nosso vizinho, que vendia hortaliças de sua produção.
Nessa época, eu tinha pouco mais de 12 anos de idade, e tive a oportunidade de acompanhá-la nessa experiência.
Com a decisão de venda da chácara então do nosso avô pelo nosso tio Tomio Kimura, restou-nos retornar para Umuarama (PR).
Lá, mais uma vez tivemos a oportunidade de trabalhar juntos na farmácia do grupo Moribe- Farmácia Paraná. A Eliza atuava no Caixa e eu como aprendiz de auxiliar de farmácia.
Casou-se com Ciguer Murayama, que na época era gerente de oficina da Dausa, revenda de veículos Willys-
Mesmo depois de casada, com a responsabilidade de mulher, esposa e mãe, sempre esteve antenada com os problemas da família Kimura, preocupada com a sua mãe e seus irmãos mais novos. Continuou a dar todo apoio, até financeiro graças à passividade do marido.
Registrem-se os valores de nossos cunhados (Ciguer e Yutaka), pessoas excepcionais, boas, de grande coração, compreensivos.
Teve os filhos: Henrique Yoshihiro, Erika, Elizabeth Mitiko e Eliane, esta última falecida tão logo do nascimento, em 1977.
Com a piora nas atividades do marido em Umuarama, mudou-se para Cuiabá (MT), no bairro Coxipó da Ponte onde reiniciou a atividade de oficina mecânica.
Também não indo a contento as atividades, resolveu a enfrentar os serviços oferecidos aos dekasseguis, no Japão.
Guerreira de sempre, batalhadora, trazendo dentro de si ensinamentos e filosofia de vida, legados deixados pela nossa mãe Shizuko, tenho a certeza de que nunca temerá o dia de amanhã, em quaisquer circunstâncias.
Quero registrar a nossa gratidão por tudo que fez pela nossa formação, notadamente no papel de Pai.
Muito obrigado Leiko Neetian (Eliza), tanto o nosso pai como a nossa mãe devem estar muito orgulhosos de você.
Transcrição de homenagem feita em julho/2002.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil