Conte sua história › Daniele Mabe › Minha história
Durante minha infância, morei em uma grande casa construída pelo meu avô para comportar toda família, no bairro do Jabaquara, em São Paulo. Meu avô comprou parte do terreno nos anos 60 e, com o tempo, foi comprando as casas em volta e expandindo. Quando era adolescente, me mudei com meus pais e irmão para uma casa ao lado, que dividia o mesmo jardim. Esse jardim era oriental e foi idealizado pelo meu avô. Tinha lagos com carpas, bonsais e azaléias. Sempre tivemos muito espaço para brincar ao ar livre e contato com a natureza. Fazíamos verdadeiras expedições nos jardins.
De manhã eu e meu irmão costumávamos ir ao “nihon gaku”, uma pequena escola japonesa chamada Seiwa Gakuen. Lá crianças de várias idades aprendiam a ler e escrever em japonês, além de costumes e tradições de nossa cultura. Depois voltávamos para casa para almoçar com toda a família. À tarde íamos para a escola convencional. Na hora do jantar, a família toda voltava a se reunir.
A comida do dia-a-dia era bem brasileira, com alguns toques orientais. Por exemplo, sempre tinha arroz japonês para acompanhar o feijão. Nos finais de semana, gostávamos de fazer pratos orientais que são preparados na mesa, como sukiyaki, teppanyaki e shabu-shabu. Sushi e sahimi eram servidos normalmente em ocasiões especiais, mas tenho que confessar que nunca gostei de peixe cru.
Das lembranças que tenho das datas festivas, a que mais me marcou foi o Dia das Meninas, em que comemorávamos com chá de bonecas. No Dia dos Meninos, costumávamos pendurar grandes carpas de papel no jardim. E no Ano Novo, a tradição era preparar o moti (bolinho de arroz socado) para dar sorte no ano seguinte.
Na minha casa sempre gostamos muito de karaokê. Meu avô adorava reunir a família e os amigos nos finais de semana para cantarmos.
Definitivamente. A valorização da família é o principal valor que aprendi da cultura japonesa. Sou extremamente ligada à minha família.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil