Conte sua história › Rosa Miyake › Minha história
Meu desenvolvimento como cantora foi muito natural. Eu gostava demais de cantar e dançar, então minha mãe me colocou para aprender odori, a dança japonesa. Ela dizia que era importante para eu ter mais segurança no palco, me sentir mais à vontade.
Comecei a cantar muito novinha, com uns 12 anos. A comunidade japonesa sempre gostou muito de participar de concursos de canto e vivíamos em um ambiente muito alegre. Em uma dessas apresentações, o Mario Okuhara, que na época era produtor da rádio Santo Amaro, me ouviu cantar e perguntou ‘quer cantar na televisão?’.
Eu achei aquilo tudo muito distante, mas minha mãe me deu muito apoio. Eu perdi meu pai aos 5 anos, mas meus irmãos também me tratavam como filha. Eles não gostaram muito da idéia, mas minha mãe disse que não haveria problema, pois ela me acompanharia sempre. E assim foi. Ela esteve comigo durante muitos anos, indo às apresentações, gravações e viagens para vários lugares do Brasil. Eu adorava tê-la ao meu lado.
Fazia aula de canto com um professor italiano, um maestro. Aprendi a cantar e tocar no piano muitas músicas italianas e morria de vergonha quando ele me pedia ‘Rosita, canta aquela música pra gente’. Ele me fazia cantar na frente de todos os alunos dele. Aqueles senhores e senhoras com um vozeirão, todos cantores líricos. Eu era a mais novinha. Eu me lembro da primeira vez que cantei pra eles, super nervosa. Quando terminou, eles me aplaudiram. Foi meu primeiro público. (Ouça o áudio em que Rosa conta em detalhes sobre esse episódio).
Eu também aprendia piano. Era muito vaidosa e tinhas as unhas compridas. Quando ia começar as aulas, o professor me disse que tinha de cortar as unhas. Eu chorei, reclamei, mas não teve jeito. Tinha até uma tesourinha me esperando ao lado do piano. Minha mãe teve que intervir, me dizer que tinha de ser assim. E eu então cortei as unhas para aprender piano pensando na minha carreira.
Fui parar na televisão graças a esse professor, que era amigo da Bibi Ferreira. Ela tinha um programa na TV Excelsior e eu fui lá de quimono cantar em japonês. A Bibi disse que adorou. Depois disso, comecei a ser convidada para outros, como Clube dos Artistas, apresentado pelo Airton Rodrigues, e no programa do Chacrinha. Ele me chamava de ‘a boneca japonesa que canta’.
O próximo passo foi gravar um disco. Então comecei a cantar em português, mas gravei algumas versões em japonês, como ‘Namoradinha de um amigo meu’, do Roberto Carlos, a quem admiro muito e de quem tenho muitas boas lembranças.
Depoimento à jornalista Renata Costa
Fotos: Carlos Villalba
Vídeos: Estilingue Filmes
A primeira vez ao cantar em público
Ouça a versão em japonês de "Namoradinha de um amigo meu", de Roberto Carlos
A cantora interpreta uma música japonesa: Iwaizabe
A apresentadora canta em português a música Urashimataro
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil