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Takeshi Misumi

São Paulo / SP - Brasil
78 anos, Administrador de Empresas e Contador

TADAHIDE MISUMI E SUA LUTA INTERMINÁVEL CONTRA AS DOENÇAS


“Tadahide, você é um menino problema. No inverno, é a bronquite; no verão, a diarréia.” Assim, sua mãe dizia sempre, demonstrando a preocupação pelas constantes doenças de que o Sr. Tadahide era vítima.

ECZEMA
Uma das primeiras recordações que tenho sobre as doenças de meu pai, refere-se a um eczema que ele tinha na canela direita. Ele conviveu com aquilo durante décadas. Lembro-me que, após o jantar, enquanto minha mãe e minhas irmãs arrumavam a mesa e lavavam as louças, ele ficava coçando a canela. Sentado, punha o pé sobre a borda da cadeira, e ficava esfregando uma caixa de fósforos na enorme crosta. Era um tal de goch, goch, goch interminável. Até parecia que ele sentia prazer em ficar coçando. Tentou várias receitas para curar a inflamação, desde os remédios prescritos pelos médicos até os recomendados pelas comadres. Vivia com a perna enfaixada. Certa ocasião, ficou alguns dias aplicando fezes bovinas misturadas com alguma erva. Mas, nem a crença nesse remédio caseiro funcionou. Era a década de 50, e ainda morávamos num sítio em Andradina. A cura só aconteceu no final da década de 70, em São Paulo. Foi um renomado especialista em dermatologia, professor da USP que receitou uma pomada. Após uma semana de aplicação, a coceira desapareceu por completo. Com isso a crosta também foi diminuindo até sobrar apenas uma mancha na pele.
ALERGIA CRÔNICA
Mas, o mesmo médico que curou o eczema, não conseguiu curá-lo da alergia crônica. Ignoro a época de seu surgimento, mas a alergia persistiu até o falecimento do meu pai. Lembro-me que ele conviveu com o eczema e a alergia durante alguns anos. Consultou vários médicos especialistas. Foram diversos tipos de medicamentos que ele usou. Até vacina! A vacina era fabricada a partir do sangue extraído de seu corpo. Após algum tratamento a médica injetava o sangue no corpo do meu pai. Frequentou até algumas termas na tentativa de curar a alergia. Esteve durante um período nas Termas de Águas de Santa Bárbara, cujas águas são sulfurosas. Quando retornou para São Paulo, o seu corpo estava repleto de bolhas e feridas ressecadas. Acreditava-se que após essa fase, a alergia sumiria. Mas, a coceira continuou, para o desespero de meu pai e de todos os familiares. Ficou alguns dias nas Termas de Ibirá. Em vão. A alergia não cedeu. Foram dezenas de médicos especialistas. Uma infinidade de remédios! Para aplicação local e também via oral. Nada resolveu! Nos últimos anos de sua vida, a alergia se intensificou. Evitava tomar sol, pois isto provocava mais coceira. Evitava tomar vento no rosto. As camisas não tinham golas. As golas causavam coceira. Roupas somente de algodão; os sintéticos provocavam alergia.
Certas pessoas têm alergia, mas conhecem a sua causa. Isto possibilita evitar o surgimento da alergia, ou combatê-la. Tenho um sobrinho que tem alergia por frutos do mar. Basta comer um pedacinho de hondashi (peixe seco) para a coceira começar. No caso do meu pai, não se descobriu a causa ou causas da sua alergia. Na verdade eram várias as causas: tecidos sintéticos, alimentação, sol, vento. Houve época em que o simples ato de segurar uma caneta esferográfica provocava-lhe alergia nos dedos. Vivia com os dedos protegidos por esparadrapos. O médico proibia-o de tomar banho de ofurô. Argumentava que a pele ressecada era a fonte da alergia. Os últimos dias de sua vida foram muito sofridos, pois a coceira em seu corpo era tão intensa que ele não conseguia dormir.
CÃNCER NO ESTÔMAGO
Foi um verdadeiro choque! Era 1988. Havia um tabu em relação à doença; ainda era considerada fatal. Era prenúncio de morte precoce. A notícia de que meu pai tinha câncer desabou como uma ducha de água fria. Uma semana após a primeira endoscopia – técnica nova naquela época -, o médico pediu ao meu pai refazer o exame. Argumentou que o equipamento não funcionara corretamente na primeira consulta. Após o exame, o médico me chamou na sua sala, deixando meu pai fora. Esclareceu-me que a segunda endoscopia fora realizada para confirmar ou não a suspeita da existência do tumor no estômago. Infelizmente houve a confirmação. O retorno para a casa de meu pai foi dramático. O percurso de apenas quatro kilometros (do bairro de Pinheiros até Butantã) pareceu-me interminável. Eu, dirigindo o carro, e meu pai ao lado, ambos em silêncio total. Nenhuma palavra. Eu não queria que ele fizesse qualquer pergunta sobre o assunto. Não estava preparado para responder. Ele não fez nenhum comentário ou pergunta. Talvez tivesse percebido a minha situação. Respeitou o meu despreparo. Não quis me constranger. Imagino que ele já desconfiava da notícia que o médico me deu.
Eu e meus irmãos passamos por alguns dias angustiantes. Discutimos muito como comunicar a meu pai sobre a doença. Ele nunca admitiu mentiras. Não poderíamos esconder a revelação do médico. Mas, como informá-lo que ele estava acometido dessa terrível malignidade? Felizmente, um cardiologista, cunhado do médico que detectou a doença, foi a salvação. Na consulta anteriormente marcada, ele comunicou a meu pai sobre a doença, sugerindo fazer a cirurgia que prometia 99% de possibilidade de cura. E, assim convenceu meu pai sobre a necessidade da urgente cirurgia.
A cirurgia foi feita no dia 8 de dezembro de 1988. Segundo o cirurgião, apesar de algumas dificuldades, tais como hipertensão explosiva e localização difícil do tumor, a cirurgia transcorreu com sucesso. Foi feita a retirada total do estômago. Infelizmente, algum procedimento incorreto durante a fase pós-operatória, causou uma complicação. Meu pai ficou entre a vida e a morte durante três dias seguidos. Vomitava sangue pela boca. Expelia sangue pela sonda. Apresentava febres altíssimas; preocupando sobremaneira o médico, a tal ponto que ele convocou um colega para auxiliá-lo na tentativa de preservar a vida de meu pai. Felizmente, ele conseguiu se salvar.
A recuperação foi lenta. Mais difícil foi a adaptação à nova maneira de viver sem o estômago. Já não podia se alimentar em grande quantidade. Foi um período difícil, pois muitas vezes sentia a boca pedindo comida. Mas, a inexistência do estômago não permitia se alimentar na quantidade desejada. Apesar disso viveu por mais dezesseis anos.
AUTODIDATA EM MEDICINA
Problemas respiratórios e gastro-intestinais foram constantes em sua vida. Foi infectado pela malária, assim como muitos imigrantes japoneses que se aventuraram no interior de São Paulo. Em maio de 1995 sofreu cirurgia por causa de uma apendicite aguda. Praticamente em todos os anos sofria devido a sinusite crônica. As doenças eram tão freqüentes em sua vida, que fizeram dele um autodidata em medicina. Tinha um livro de medicina escrito em japonês com novecentos e sessenta e duas páginas. Consultava o Aka Hon (Livro Vermelho) com tanta freqüência, que muitas vezes discutia com os médicos nas consultas em que sentia incoerência nos diagnósticos.
A ÚLTIMA BATALHA
A sua última batalha começou no dia 12 de agosto de 2004, quando foi internado por problemas renais. Na verdade, o mau funcionamento dos rins era reflexo de uma série de outras enfermidades. A fragilidade de sua saúde intensificara-se nos últimos cinco anos. Naquele dia 12 começava uma dramática batalha não só dele, mas também de toda a família. No começo havia otimismo. Acreditávamos que seria mais uma batalha que meu pai venceria. Mas, o longo período – cerca de um ano – de forte anemia, não só dificultava a sua recuperação, como propiciava o surgimento de outras enfermidades. Assim, após vinte dias de internação teve uma bacteriemia. Foi transferido para UTI onde permaneceu por doze dias. O retorno ao apartamento significava um pequeno avanço na sua recuperação. Contudo, a sua fragilidade era tamanha que não conseguia se alimentar adequadamente. Os médicos optaram pela alimentação enteral, colocando a sonda no nariz. O incômodo era tanto que meu pai sempre tentava arrancar a sonda, apesar das insistentes recomendações das enfermeiras e médicos. Certa noite, conseguiu retirar a sonda, mesmo com a vigilância permanente do acompanhante. Isso aconteceu por duas noites seguidas. Certo dia “colocou-me contra a parede”, perguntando: “Takeshi, o que dizem os médicos? Eles me dão esperança de recuperação?” Tive de usar toda minha verborragia para responder a esse questionamento. Senti em sua expressão facial que não o convenci de que havia esperança de melhoria. Infelizmente, os fatos posteriores confirmaram o meu engano. Após quarenta e seis dias no quarto, alimentando expectativa de retorno para casa, a sua saúde se agravou a tal ponto que teve de ser novamente transferido para a UTI. Os médicos estavam desnorteados com a intensidade do surgimento de diversos tipos de bactérias. Era a temida infecção hospitalar. Afora isso, os médicos se divergiam entre si quanto ao tratamento. A médica alergista se contrariava quando o médico pneumologista receitava algum medicamento que provocasse alergia. Segundo os médicos a desnutrição atingira tal nível que seu peso não passava dos 25 kg. A sua fragilidade era tão grande que para amenizar a insuficiência respiratória, tiveram de entubá-lo. Era triste vê-lo com tubo de aproximadamente dois centímetros de diâmetro boca adentro até os seus pulmões. As visitas na UTI eram extremamente dolorosas. Tínhamos pouquíssimo tempo de ficar ao lado dele. Pior era vê-lo naquele estado, sentindo que ele sentia a nossa presença. Ele não podendo falar ou se mexer, pois frequentemente estava com os braços amarrados à cama, para evitar que arrancasse os tubos e sondas. No dia 15 de novembro de 2004 os seus irmãos Daishiro, Fussae e Tokiko fizeram a derradeira visita na UTI. A Tia Tokiko não o via há muito tempo, pois, à época morava no Rio de Janeiro, onde tivera de cuidar de seu marido também acometido de uma grave doença. No dia 16, às seis horas da manhã recebemos o telefonema da médica chefe da equipe informando-nos do falecimento de meu pai.
O HOSPITAL CHOROU
Um misto de tristeza, de vazio, de frustração, de tudo que é desagradável se apossou de todos nós. Sentimos derrotados. A fortaleza que meu pai representava, vencendo vários obstáculos na vida, principalmente as diversas doenças, fora derrotada. Meu pai sucumbiu diante de um batalhão de doenças. Foram as diarréias, bronquites, gripes, malária, apendicite, eczema, câncer do estômago, problemas renais, hipertensão crônica e a interminável alergia que derrotaram meu pai. Foram mais de noventa anos de luta, noventa e seis dias confinado no hospital, vinte e oito preso na UTI. A batalha havia terminado. Fomos ao Hospital para cuidar do corpo. Após as providências necessárias, fiquei no hospital à espera do carro da funerária que viria retirar o corpo. Quando o carro chegou desabou um violento temporal. A chuva caiu numa intensidade tão grande que em poucos minutos alagou a entrada do hospital. O HOSPITAL INTEIRO ESTAVA CHORANDO PELA MORTE DO MEU PAI. O HOSPITAL ESTAVA SE DESPEDINDO DE MEU PAI.

20081128


Enviada em: 16/12/2008 | Última modificação: 16/12/2008
 
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Comentários

  1. Cristiane Y Nakata (ex-escoteira falcão) @ 17 Jul, 2008 : 20:00
    Oi Takeshi! É a Cristiane... lembra de mim? Admiro a educação que dá para sua família... Abraços! Cris.

  2. Denise Misumi @ 30 Jul, 2008 : 00:42
    Tio, muito lindas as suas histórias! Nao consegui conter as lágrimas lendo "Conversando através do coração". Ainda me emociono relendo-a. Já pensou em fazer um livro contando essas e mais histórias?? Abraços, Denise

  3. Takeshi Misumi @ 3 Ago, 2008 : 18:08
    Denise, obrigadão pelos comentários. Fiquei muito satisfeito e feliz em saber que você se sensibilizou com os meus relatos. Aliás, o meu propósito em me expor neste espaço aberto pela Editora Abril foi tão-somente de tentar sensibilizar os descendentes, principalmente os jovens como você, sobre o sofrimento que os imigrantes passaram. Muito do que nós usufruimos hoje foi graças a eles. Todo o passado vivido e sofrido por eles não pode cair no esquecimento. Cumpre a cada um de nós desempenhar o papel que nos cabe. Quem, no presente, souber reconhecer o passado, saberá construir um futuro melhor. Quanto ao livro, até pensei no assunto. Mas, é um projeto muito grandioso para mim. Não sei se teria condições de realizar este sonho. Acredito que essa tarefa seria mais fácil, se for possível contar com a ajuda de outras pessoas. Abração.

  4. Julio Misumi @ 11 Set, 2008 : 19:11
    Oi Takeshi. Li o relato da mesa, em cima dela na chacara. Ao ler aqui, me emociona saber que ela passou por muitos momentos com a familia, bem antes de nascermos. Quantas conversas e refeições foram feitas nela, por nossos avós e seus filhos (nosso pais)? Quanta utilidade para varias gerações? Ela faz parte da familia e suas cicatrizes foram feitas por alguém da familia em algum momento. Representa bem o passado sofrido e a determinação que nossos antepassados tiveram, para que as futuras gerações (nós e nossos filhos) pudessemos ter uma vida melhor que eles. Obrigado pelo que voce faz pela familia e no que eu puder ajudar, conte comigo. Um abraço

  5. Filhos da Satiko @ 14 Dez, 2008 : 23:47
    Oi Tio, Que legal...Sim, ela tinha olhos grandes e um sorriso radiante, característica marcante dela...Ela era linda e foi uma mãe perfeita pra nós. Agradecemos a mensagem e tudo que vc e a tia fizeram por ela e por nós. Um beijão. Duda, Thie, Fabio e Livia

  6. mario katsuhiko kimura @ 14 Fev, 2009 : 15:48
    Sr. Takeshi, Sou leitor das historias contadas neste Site e agora sou também seu fã. O Sr. deveria ser contador de historia e não contador/administrador. A sua maneira de escrever, contar historia da família através da historia da mesa é de altíssima criatividade, mostrando ser uma pessoa erudita, sábia e inteligente. Acredito ter herdado os valores do seu falecido avô. Como disse um dos entes da família no comentário, o senhor deveria escrever livros. Parabéns e continue a escrever para todos nós. Grande abraço

  7. Julio Misumi @ 31 Mar, 2009 : 13:10
    Oi Takeshi. Eu acho que fui ao casamento da Tia Katsuko e poucas vezes a vi depois disso. Me lembro que durante muitos tempo meus foram iam a Jales visita-la. E tenho certeza que ela desafiou e venceu a morte por dezessete anos, pois meus pais diziam que ela os reconhecia a cada visita. Obrigado sempre e um abraço.

  8. Silvio Sano @ 1 Abr, 2009 : 02:38
    Prezado Takeshi, Depois de muito tempo sem abrir este site para ler as histórias dos colegas, "hisashiburini", fi-lo, tarde da noite de ontem, atraído por um leitor seu fora da família (o Mário Kimura, aí, logo acima). Daí, comecei pela leitura da Tia Katsuko. Contente pelo que fui contemplado, prossegui com as demais, debaixo para cima, porque sabia que a seqüência seria essa. A forma como as narra é muito interessante porque torna universais mesmo os seus mais íntimos personagens. Daí porque "tocou" ao Mário, a mim e, com certeza, a todos os que as lerem (não apenas parentes ou pessoas de seu círculo). Em alguns momentos também me emocionei e, por isso achei que não seria o momento adequado para deixar aqui o meu comentário. Conclui que seria injusto com vc, e que deveria fazê-lo sem que me deixasse levar pela emoção. Algo verdadeiramente sincero. Ou seja, para que o tamanho da satisfação que eu demonstrasse não fosse considerada exagerada devido a isso. Assim, aguardando, até este momento, de "cabeça fria", mas garantindo que a emoção pela leitura ainda permanece viva em mim, cumprimento-o principalmente pela sensibilidade e percepção em relação a outrem, que o levaram também a "conversar através do coração", e de forma a "tocar o fundo da alma" de seus leitores. Parabéns e um grande abraço.

  9. Silvio Sano @ 7 Abr, 2009 : 00:37
    Prezado Takeshi, O jeito que vc exagerou nos elogios, na verdade, só veio comprovar para mim, o quão criativo é para escrever textos (rsrs). Mas, agradeço pela parte não exagerada, que sei, foi sincera. E não apenas o parabenizo por suas virtudes, como, pela citação ao Mário Tomita, acabei ligando para ele, a fim de saber um pouco mais sobre a sua pessoa, mas sugerindo-lhe também para que publique algumas coisas suas no jornal. Ele concordou afirmando que, sendo pra vc, um dos primeiros assinantes dele, o faria com imenso prazer. Que tal atendê-lo então com um artigo, ou uma crônica, esporadicamente... pra começar? Não apenas ele, mas, nós também, leitores, ficaremos muito felizes. Yoroshikune. Abs.

  10. Edson Correa Porto @ 9 Abr, 2009 : 00:36
    E eu que pensei que vc só escrevesse relatórios; parabéns pela sensibilidade; vc sempre surpreendendo. Abraço

  11. Mario Katsuhiko Kimura @ 17 Jun, 2009 : 23:43
    Sr. Takeshi, Só o senhor consegue prestar homenagem aos idosos na forma acima transcrita. Isso mostra a sua grandeza, de ser uma pessoa culta, iluminada. Obrigado por proporcionar a este leitor o prazer de ler, sentir e também emocionar. Grande abraço

  12. Takeshi Misumi @ 16 Mar, 2010 : 07:51
    Teste

  13. Silvio Sano @ 16 Mar, 2010 : 09:34
    Olá, Takeshi-san. Bondade sua. Eu é que fiquei muito feliz com a sua presença e, bem como com a de sua esposa. E ainda bem que o Mário estava lá, né. Bom, aproveito para te solicitar para que veja como será o próximo livro. Link em http://www.youtube.com/watch?v=OfULKT3Beqk A propósito, conhece o Nikkeypedia? Lá vc tb poderá colocar a sua, de seus pais, avós e amigos, histórias. A minha está em http://www.nikkeypedia.org.br/index.php/Silvio_Sano

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