Conte sua história › Satoshi Yoshii › Minha história
Desde a infância comecei a me interessar por músicas eruditas em geral, por influência da Rádio Gazeta. Lembro-me que aos 13 anos eu já queria ter minha própria vitrola para poder ouvir as músicas e poder cantar junto com o disco, pois nesta época, eu já engrossava a voz para tentar acompanhar as canções napolitanas que eu ouvia. Cresci ouvindo a ópera "Tosca", de Puccini. Contudo, por ser muito novo, não tinha a técnica necessária até mesmo para “brincar” de cantá-la.
Aos 17 anos entrei numa gravadora, e por curiosidade gravei um disco só para ver como era minha voz. Mas o pianista que me acompanhou aconselhou-me a esperar mais um tempo e, sim, estudar canto para adquirir as técnicas que eu ainda não tinha, por nunca ter estudado.
Na verdade, minha primeira apresentação foi cantando músicas italianas na minha própria formatura, em 1954, onde por acaso acabei descobrindo que uma de minhas colegas, italiana, era filha de uma cantora lírica. Ela me levou ao maestro Fidélio Finzi, então regente do coral Ítalo-Brasileiro aqui em São Paulo, e foi ele que me deu as primeiras aulas de canto. Contudo, por um ano inteiro ele me torturou (porque eu gostava de ópera), fazendo com que eu cantasse somente músicas de câmara, evitando que eu “forçasse” minha voz.
Com o passar do tempo fui me aperfeiçoando, e poucos anos depois comecei a participar de vários programas de calouros. Porém, não foi tudo tão fácil assim, pois em casa eu não tinha apoio nenhum, e meu pai exigiu que eu tivesse outra formação, deixando a música apenas como hobby. Primeiro ele me fez estudar contabilidade. Quando achei que já seria o suficiente, ele exigiu que eu entrasse na faculdade Mackenzie, para me formar “professor de matemática”. Nessa época, eu comecei a ser convidado a cantar e a atuar. Uma das propostas que recebi, após um mês de ensaio, fui obrigado a abandonar, por exigência do meu pai, que queria que eu me dedicasse ainda mais aos estudos. Aos 23 anos ganhei uma bolsa de estudos para estudar canto na Itália, incluindo emprego por lá, mas não fui por “medo” e insegurança.
Quando acabei todos os estudos que “meu pai quis”, entreguei o diploma nas mãos dele e, em 1960, após participar de um concurso público para cantores, ingressei em segundo lugar, com nota 95, no Teatro Municipal de São Paulo, onde integrei o Coral Paulistano até março de 2003, quando me aposentei.
Dentro desta minha vida com a cultura italiana, me casei com uma descendente de italianos e pianista também (Neusa Maria). Em 1989 ingressei na Cantina do Gigio, pois nesta época eu já estava querendo começar a cantar músicas mais leves, e lá me apresento todas as sextas e sábados a partir das 21h. Me apresentei em vários programas de televisão, tais como "Jô Soares onze e meia" e Silvio Santos, e fiquei conhecido por "Pavaroshi", pois não é todo dia que se vê um japonês cantando músicas italianas.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil