Conte sua história › Erika Ikezili › Minha história
Não tive educação tradicional. Fiz nihongakko [escola de japonês] quando era pequena. A convivência maior com japoneses era nessa escola, três horas por dia. Na minha casa não se falava japonês, só palavras: tábua, travesseiro, cobertor. Tem coisas que eu cresci só sabendo em japonês.
Depois que conheci meu marido, tive mais contato com a cultura. Ele cresceu na colônia, os amigos eram japoneses. Ele ia a baile japonês, eu nunca tinha ido. Nunca entendi por que brasileiro falava que japonês era tudo igual, até ir ao primeiro baile. Foi um choque! Meu esposo me falou para procurar a Maristela, uma amiga nossa. Eu disse que não sabia como ia achá-la, porque japonês era tudo igual! (Erika fala sobre a sua relação com a cultura japonesa em vídeo ao lado.)
Na época em que ele foi trabalhar na Honda, em Sumaré (SP), convivi mais com os isseis, os chefes dele. Existiam algumas regrinhas que eu não entendia e não aprovava. Por exemplo, ter que sair para beber com o chefe. Tentei compreender. Várias coisas eu já vivia na minha família, mas não me era tão claro. Nesse período, ficou mais revelado.
Fui relacionando as minhas pesquisas de moda com filosofias japonesas. Num primeiro momento, como todo ocidental, me ative às imagens mais superficiais da cultura japonesa, de samurais, de gueixas. A roupa das artes marciais me chamava muito a atenção. Vi que se originava dos trajes dos samurais. Comecei a pensar na roupa dos samurais e soube que eles se inspiravam nos escaravelhos. Daí descobri que vários robôs eram inspirados nos insetos. Na primeira vez que fui ao Japão, vi que vendiam ovo de escaravelho no shopping, para criança criar em casa. Comecei a fazer vários questionamentos e tentar entendê-los.
Depoimento à jornalista Mariane Morisawa
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Erika Ikezili
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil