Conte sua história › Erika Ikezili › Minha história
Todos eram ligados à lavoura no Japão. Vieram para o Brasil com a intenção de enriquecer e voltar. Essa é uma das grandes frustrações, principalmente da parte do meu avô. Minha avó paterna já chegou adulta, tinha estudo. Aqui no Brasil ela também trabalhou na lavoura (ouça o áudio em que Erika conta sobre a sua avó, que teve um filho no cafezal). Mas, por vir estudada, tornou-se sensei, professora, lá no Paraná. Meu avô paterno morreu muito antes de eu ter nascido, meu pai ainda era pequeno.
Meus avós maternos vieram muito pequenos e trabalharam na lavoura. Depois que eles se casaram, abriram uma recauchutadora na cidade, que existe até hoje, a Recauchutadora Sumi. Prosperaram bastante.
As festas de família eram animadas. As pessoas acham que japonês não tem muito filho, mas japonês tem muitos filhos, sim! Era aquela história de tirar foto de todo mundo. Lembro-me do aniversário de 60 anos do meu avô, em que ele tinha de usar uma roupa vermelha. Apesar de meu avô ser muito calado, eu tinha um relacionamento bem engraçado com ele, acho que por causa das roupas. Sempre pegava uma calça dele em troca de uma camiseta minha. Ele fazia coleção... Todo dia tinha que comprar uma roupa. Era meio uma doença. Comprava, mas não usava. Acho que era um trauma de quando era pobre. Quando ele e minha avó se casaram, a roupa dos dois não enchia uma mala.
Meus pais se conheceram porque Cornélio Procópio era pequena, tinha aquela coisa de casar um japonês com o outro, foi aquela coisa do miai (casamento arranjado). A gente veio para São Paulo quando eu tinha 3 anos, e meu pai abriu uma farmácia. Minha mãe trabalhou no Banco do Brasil. Hoje eles são aposentados.
Depoimento à jornalista Mariane Morisawa
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Erika Ikezili
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil