Conte sua história › Alexandre Uehara › Minha história
Assim como muitos descendentes de imigrantes japoneses, eu a minha família também fomos marcados por essa experiência.
Os meus avós chegaram ao Brasil em 1927, inicialmente estiveram em São Paulo, posteriormente foram morar em Minas Gerais, um destino não comum para os japoneses. Passaram por outras cidades brasileiras antes de se fixarem na cidade de Santo André, em São Paulo.
No final da década de 1960, meus pais se estabeleceram em uma cidade vizinha, São Bernardo do Campo. O bairro era caracterizado pela presença da comunidade japonesa. Nessa localidade havia a presença de chácaras de batatas e hortaliças e granjas, muitas granjas. Era uma zona rural, afastada cerca de 45 minutos do centro comercial, caminho que também percorriamos, andando sob chuva e sol, para podermos chegar à escola.
Porque andar? Bem carro era um luxo, no máximo as famílias tinham caminhões para transportar os produtos e, convenhamos, não era veículo para se levar filhos à escola. Ônibus lá, bem até que tinha, mas era de hora em hora, quando não falhava. Diante dessas circuntâncias, o recurso mais pontual era caminhar mesmo.
Foi nessa localidade que cresci, morando inicialmente numa casa de pau-a-pique, a qual tinha um furo na parede por onde eu meus irmãos podíamos brincar e realizar fugas estratégias de nossos pais, para não sermos apanhanhados fazendo peripécias.
Também ali na chácara, trabalhando na lavoura desde pequeno, vi os anos passarem muito rápido. Meus pais tinham uma lavoura de hortaliças e lá, no cabo da enxada, vi muitas vezes o sol e a lua nascerem, obviamente cada uma a seu tempo.
Era também local de diversão, no meio da plantação de brócolis e couves, que durante muitos anos, foram mais altos que eu, brincavamos de esconde-esconde ou de labirinto. Brincadeiras divertidas e de graça. Na verdade, de graça em graça riamos a valer.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil