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KASATO MARU, O CONDUTOR - O primeiro navio registrado na história da imigração japonesa em terras brasileiras chegou em 18 de junho de 1908, o navio Kasato Maru, com 781 passageiros.
MARU, o sonho nipo-brasileiro – Os japoneses desta embarcação vieram para trabalhar nas fazendas de café do interior do Estado de São Paulo, resultante de uma conjugação de dificuldades e interesse de ambos os países. No Brasil, os fazendeiros de café, enfrentavam problemas com a mão-de-obra desde que houve a libertação dos escravos negros, e o Japão enfrentava uma das piores crises econômico-financeiros de sua história marcada também pelo desemprego e excedente populacional.
o resultado migratório - De 1908 até 1941 emigraram ao Brasil cerca de 188 mil imigrantes-agricultores. Após a Guerra, a imigração dos japoneses foi reaberta em 1953 estendendo-se por mais 10 anos totalizando cerca de 50 mil imigrantes japoneses. Os imigrantes da primeira fase (até 1941) chegaram ao Brasil dispostos a trabalhar de 3 a 5 anos, economizar para retornar ao Japão. Poucos deles conseguiram atingir esse objetivo. Depois de cumprir os dois ou três anos do contrato nas fazendas de café, a maioria deles saiu para tentar a vida independente como agricultores, principalmente na zona oeste do Estado de São Paulo. Plantaram arroz, café, algodão, verduras, frutas, entre outros.
O BRASIL JAPONÊS E O JAPÃO BRASILEIRO Calcula-se que cerca de 1.400.000 dos brasileiros sejam descendentes de japoneses, e perto de 80% residem no Estado de São Paulo, sendo cerca de 360 mil deles na cidade de São Paulo. Calcula-se que cerca de 300 mil brasileiros descendentes de japoneses estão trabalhando no Japão. Trata-se do movimento chamado de "dekassegui" (literalmente sair para ganhar dinheiro) iniciado por volta de 1985. Atingiu o ponto alto em 1991 (96,3 mil durante esse ano foram ao Japão) com a mudança da legislação do Japão e a crise econômico-financeira do Brasil.
RYU MIZUNO
"Depois de uma noite tranqüila de viagem, o Kasato Maru percorreu as primeiras 195 milhas e a viagem transcorre normalmente", relata o diário de bordo escrito por Ryo Mizuno, considerado o pai da imigração".
O diário representa um dos mais originais transcritos desta história, mesmo apresentando dados técnicos e básicos. Conta fatos e ocorrências que influenciaram a chegada e a distribuição destes imigrantes. Passagens que se traduzidas, mapeadas e ilustradas em formato documentário, deverá resgatar com uma visão atual o transcorrer da história nipo-brasileira.
DIÁRIO DA HISTÓRIA
“ Os passageiros usam trajes ocidentais confeccionados na Europa. Os homens deixam de lado o quimono e vem de terno e gravata, chapéu e bota. Alguns trazem no peito condecorações de guerra com a Rússia."
"No dia 30 de abril, choveu à tarde. O navio percorreu 247 milhas e os imigrantes viram a pequena ilha de Suwa. Agora todos são 'soldados da fortuna' querem enriquecer e voltar dentro de cinco anos." Na bagagem, além da esperança, trazem manuais práticos de português que se tornariam inúteis na nova terra. Frasco de conserva, molhos para temperos, cobertores, pauzinhos para comer, travesseiros de bambu, papel e tinta nanquim (532 passageiros eram alfabetizados) compõe seus pertences.
"Na quarta-feira, 6 de maio, o primeiro incidente: o foguista Kataoka demonstra irritação e deixa todos inquietos. Ele tentou invadir os aposentos das mulheres e foi contido pelos vigias noturnos. Nada aconteceu", escreveu Ryu Mizuno.
"A 9 de maio, após uma madrugada de forte tempestade, o navio aportou em Cingapura. Shuhei Uetsuka é o único que desembarca, para despachar a correspondência" .
O diário de Ryu Mizuno diz que'a viagem trancorre sem anormalidades até o dia 13 de maio, quando os imigrantes passaram a sofrer mal-estar generalizado, em conseqüência dos fortes ventos que fazem o navio jogar" .
O farol Lang foi avistado no dia 31 de maio e, em poucas horas, surgia a África. Às 22 horas do dia 2 de junho, o navio chegava à Cidade do Cabo.
Ryu Mizuno foi o único a desembarcar por um curto período de tempo.
Três dias antes da chegada ao Brasil, o foguista Kataoka voltou a demonstrar perturbações. À meia-noite de 15 de junho, armado de uma faca, tentou matar Ryu Mizuno, mas foi contido por seu chefe, Seizo Yokoyama, que acabou sendo ferido gravemente na barriga . Durante alguns dias ele resistiu. Chegou a ser internado em Santos, mas morreu e foi sepultado no túmulo número 50 do cemitério santista.
Às 17 horas do dia 18 de junho, o Kasato Maru atracava no porto de Santos no cais número 14. Os imigrantes agitavam bandeirolas de seda, do Brasil e do Japão. Somente desembarcaram no dia seguinte e permaneceram na cidade por duas horas, sendo em seguida encaminhados para a Casa da Imigração em São Paulo. Após alguns dias, todos foram enviados às fazendas do interior paulista. Os japoneses começavam a construir sua nova pátria.
*** OBS: transcritos citados
DADOS TÉCNICOS
• Hot site – Conta a história da vinda desde o Japão até os dias de hoje.
• Livro / DVD – Captação do conteúdo para o Hot Site, editado e masterizado como documentário.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil