Conte sua história › Celso Kamura › Minha história
Não vivi muito na colônia. Não falo japonês. Mas sempre gostei de comida japonesa, minha mãe fazia. Gostava das coisas mais simples, de oniguiri, os legumes como japonês faz, de dar uma passadinha no shoyu... De vez em quando vou a restaurantes japoneses e peço: ‘Tem oniguiri?’ O povo fica em choque. Porque eles não sabem o que é, não. Misoshiro, essas coisas mais simples, são as que eu tenho mais saudade.
Quando morava na Liberdade, teve uma fase de uns dois, três anos que gostava de música japonesa. Tinham uns bailinhos na Liberdade, eu ia.
Sempre tive mais amizade com ocidental. Não vivi muito com a colônia e, até conhecer o Japão, eu tinha problemas. Não gostava de ser japonês. Sempre achava que tinha um preconceitozinho. E eu era o diferente. Às vezes não gostava dos traços, queria fazer ocidentalização no olho. Isso sempre me incomodou muito, até eu conhecer o Japão. Aí resolvi esse problema.
Quando fui para lá, em 1992, o primeiro impacto foi de me sentir muito bem, num país onde todo o mundo tinha a minha cara. Que acho que é o como os ocidentais sentem aqui, mas eu nunca tinha sentido. Na hora em que cheguei, já gostei, me identifiquei. Muita coisa no Japão me deixou orgulhoso: a ordem, a reconstrução, o respeito com os velhos, o atendimento. E isso fez com que eu tivesse orgulho de ser oriental. Hoje tenho orgulho de ser descendente de japonês. Agora pretendo ir de novo para o Japão. (Assista ao vídeo em que Celso conta mais detalhes sobre a sua crise em ser oriental
Depoimento à jornalista Mariane Morisawa
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Celso Kamura
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
Celso conta que seus avós maternos esqueceram um filho no Japão
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil