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CLAUDIO TANOUE

SÃO PAULO / SP - BRASIL
54 anos, ENGENHEIRO CIVIL E ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

CHAPISCO COLORIDO


Ousadia, harmonia, bem-estar. Projetos bem sucedidos de decoração e design de interiores geralmente começam a partir da escolha das cores do ambiente. Podemos pensar em uma proposta moderna usando cores luminosas, com cores intensas ou tons claros. Podemos recorrer ao feng shui, inserindo no ambiente os elementos água, terra, fogo, metal e madeira. Podemos propor um estilo tradicional, recriando com requinte, por exemplo, as pinturas dos antigos casarões das fazendas de café do interior de São Paulo. Misturando os estilos, podemos criar e recriar outros acabamentos refinados.
Tons quentes, tons frios, a infinidade de tonalidades estão presentes em nosso dia a dia, seja no universo da moda, nos veículos, nas casas, tornando a cor um elemento importante e indispensável em nossas vidas. A cor influencia o comportamento das pessoas, ajudando-as a tomar decisões em negócios, compras, vendas, estilo e qualidade de vida.
Na cidade de São Paulo, a falta de cor é predominante em bairros de classe baixa e em favelas. No caso das favelas, levar cor às vielas, praças e residências, em minha opinião, ajuda a aumentar a auto-estima da população, alterando o humor das pessoas, o interesse pela preservação da obra executada, ajudando a reduzir sensivelmente a criminalidade, dando esperança de um futuro melhor aos jovens que estão começando a vida.
Dando como exemplo as obras de urbanização do Jd.Olinda, zona sul de São Paulo, havia a intenção de colorir e embelezar vielas, escadarias, muros e praças. Com o orçamento reduzido, precisávamos de um conceito alternativo às tintas industrializadas que são muito caras e inviabilizariam tal empreendimento. Mas como fazer frente a tintas com tecnologia embarcada, como resistir a comparações como durabilidade e resistência do material, ainda mais com poucos recursos financeiros?
Estudei a fundo o uso de pigmentos a base de óxido de ferro, criando aplicações na forma de chapisco colorido, pinturas caiadas e pinturas com pasta de cimento. Dessa forma, reduzimos muito o custo em relação à pintura com tinta látex PVA ou acrílica.
Quanto à durabilidade, basta saber que o homem pré-histórico já coloria as paredes das cavernas usando o pigmento avermelhado do óxido de ferro e até hoje essas pinturas se encontram em bom estado de conservação, tomando como exemplo as pinturas rupestres encontradas por arqueólogos na Serra da Capivara, Piauí, há pelo menos 15 mil anos.
Quanto ao custo, trata-se de material de baixo custo e de fácil acesso à população. O chapisco colorido consiste na mistura de cimento, areia, pigmento em pó (ou pigmento líquido) e água. Bem mais barato do que tinta e sem a necessidade de haver pintor na obra.
Assim, criei um mostruário de aproximadamente 40 cores na forma de chapisco, treinei equipes para aplicar a técnica e em conjunto com essas equipes, desenvolvemos pinturas caiadas e pinturas de pasta de cimento com películas resistentes à ação da chuva e sol.
O procedimento do chapisco colorido é simples e barato, pode ser aplicado manualmente ou através de rolos de pintura simples ou texturados, por qualquer pessoa.
O sucesso do chapisco colorido é notado nos muitos elogios feito pelos próprios moradores dos setores beneficiados e uma prova disso é que depois de mais de 6 meses de aplicado o primeiro chapisco colorido, até hoje ele se mantém conservado, sem nenhuma pichação. O interesse dos moradores em aprender as técnicas citadas me faz crer que esse trabalho também tem um forte cunho social, podendo ser criadas oficinas de pinturas abertas aos moradores, fomentando novas alternativas para geração de renda à população desempregada.
Tenho a esperança de ver esse tipo de acabamento em mais programas de urbanização de favelas na cidade de São Paulo, bem como em outros municípios do interior e da Grande São Paulo.


Enviada em: 13/06/2008 | Última modificação: 13/06/2008
 
ATÉ PARA DESABAFAR, É PRECISO PEDIR DESCULPAS. »

 

Comentários

  1. Rita de Cássia Arruda @ 14 Jun, 2008 : 11:11
    Caro Cláudio: Parabéns pelo belíssimo trabalho que você desenvolve junto à comunidade do Jardim Olinda e demais favelas da Zona Sul de São Paulo. Quisera Deus muitos outros profissionais de sua área de atuação tivessem sua sensibilidade e espírito humanitário. Você absolutamente não tem que pedir desculpas por nada. Muito pelo contrário: sua indignação é perfeitamente compreensível. No mais das vezes, salvo raríssimas e honrosas exceções, o que se vê é o descaso de governos que se sucedem no poder sem nunca cuidar de fato de sua população carente; como deveria ser. O que você leva aos moradores dessas localidades é muito mais que simplesmente prestação técnico-profissional de serviço. Com esses projetos habitacionais, você leva alento, cor, alegria, dignidade e acena, ainda, para esses cidadãos, com a possibilidade de uma vida melhor. Obrigada por compartilhar conosco sua história. Um abraço cordial.

  2. familia Oda @ 14 Jun, 2008 : 15:26
    Prezado Claúdio,parabéns pelo seu ótimo trabalho em ajudar a esta população carente que tem de batalhar todos os dias contra o frio, a fome e outros obstáculos da vida.Continue assim,reconhecendo que essas pessoas pelo estado que se encontram e o seu espírito de luta, em conjunto farão o brilho do que você traz em seu coração.Um forte abraço

  3. Maria Silvia Mariutti @ 16 Jun, 2008 : 18:44
    Caríssimo Claudio, Mais uma vez sinto orgulho e alegria em ter você na nossa equipe de trabalho. Sua persistência e sua garra de descendente de japoneses, povo que admiro desde que me conheço por gente, estão aliados à extrema sensibilidade social e artística, sem as quais os trabalhos que vêm sendo feitos nos Jardins Olinda, Irene, Rosas, Fernanda, não estariam lá e nem poderia vir a ser repetidos em outras muitas favelas, que se Deus quizer, você ainda vai atuar. Sempre soube que cada vez que saía um navio de emigrantes do Japão a autoridade local comparecia e exortava seus compatriotas e descendentes a representarem o Japão da melhor maneira possível. E vejo que é isso que você tem feito. Um grande abraço Silvia

  4. Fabio @ 16 Jun, 2008 : 21:46
    Parabens Claudio, Voce é um camarada que tem muita personalidade e que nao tem medo de se expor, com choros e alegrias, mas sempre com verdade. Seu trabalho muito dignifica as pessoas que trabalham com vc.

  5. Caro Amigo. @ 17 Jun, 2008 : 19:25
    São os pequenos gestos que transformam grandes seres humanos em Heróis. Herois na concepção da palavra que lutam por algo que realmente vale a pena... Isto tudo dignifica cada vez mais e valoriza o que temos de melhor... Nos doarmos ao bem do Proximo... Todas estas atitudes deveriam fazer parte de um ciclo constatnte em nossas vidas, se proliferando assim como certas noticias que não nos engrandecem em nada, mas dão ibope...!!! Parabéns por ser este Herói...!!! Abraços Vitor Osaki

  6. Luiz Carlos Argeri @ 18 Jun, 2008 : 21:10
    Cláudio ao ver seu desabafo no site conte sua história, não me surpreendi. Mas, ao ver a emoção de seu desabafo, pude perceber o amor e denodo pelo seu trabalho. Parabéns, orgulho-me de estar contigo nesta sua luta. Um grande abraço Luiz

  7. Mitugui A. Saito @ 19 Jun, 2008 : 10:42
    Parabéns pelo belo trabalho que vem desenvolvendo nas comunidades carentes de São Paulo.Sei que é um programa de govêrno, que normalmente tem vida curta(quando muito um mandato). Você é um grande idealista, que curte a satisfação profissional, mesmo com a baixa remuneração recebida dos órgãos governamentais. Abraços Seu tio Mitugui

  8. Engº Elias @ 23 Jun, 2008 : 11:02
    Amigo Claudio, Parabéns pelo seu trabalho, dedicação e sensibilidade nos projetos que desenvolve junto às comunidades carentes de São Paulo ! Conheço sua capacidade e profissionalismo desde os tempos em que trabalhamos juntos na cidade de Bragança Paulista ... Um grande abraço ! Elias

  9. luana @ 25 Out, 2008 : 01:54
    Caro Cláudio: adorei sua idéia sobre a pintura mais barata com essa mistura de cal, cimento e pigmento. Necessito muito de uma orientação um pouco mais detalhada para pintar uma casa de uma pessoa sem verba...De preferência com foto...Caso vc possa me ajudar, seria-lh muito grata!

  10. claudio @ 27 Out, 2008 : 01:08
    Oi Luana, se puder me passar seu e-mail, seria mais fácil de te passar uma orientação.

  11. Walter Tanoue Hasegawa @ 31 Out, 2008 : 08:12
    Sou neto de Zenzo Tanoue de Kumamoto. Somos parente?? walterhasegawa@uol.com.br

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