Conte sua história › CLAUDIO TANOUE › Minha história
Ousadia, harmonia, bem-estar. Projetos bem sucedidos de decoração e design de interiores geralmente começam a partir da escolha das cores do ambiente. Podemos pensar em uma proposta moderna usando cores luminosas, com cores intensas ou tons claros. Podemos recorrer ao feng shui, inserindo no ambiente os elementos água, terra, fogo, metal e madeira. Podemos propor um estilo tradicional, recriando com requinte, por exemplo, as pinturas dos antigos casarões das fazendas de café do interior de São Paulo. Misturando os estilos, podemos criar e recriar outros acabamentos refinados.
Tons quentes, tons frios, a infinidade de tonalidades estão presentes em nosso dia a dia, seja no universo da moda, nos veículos, nas casas, tornando a cor um elemento importante e indispensável em nossas vidas. A cor influencia o comportamento das pessoas, ajudando-as a tomar decisões em negócios, compras, vendas, estilo e qualidade de vida.
Na cidade de São Paulo, a falta de cor é predominante em bairros de classe baixa e em favelas. No caso das favelas, levar cor às vielas, praças e residências, em minha opinião, ajuda a aumentar a auto-estima da população, alterando o humor das pessoas, o interesse pela preservação da obra executada, ajudando a reduzir sensivelmente a criminalidade, dando esperança de um futuro melhor aos jovens que estão começando a vida.
Dando como exemplo as obras de urbanização do Jd.Olinda, zona sul de São Paulo, havia a intenção de colorir e embelezar vielas, escadarias, muros e praças. Com o orçamento reduzido, precisávamos de um conceito alternativo às tintas industrializadas que são muito caras e inviabilizariam tal empreendimento. Mas como fazer frente a tintas com tecnologia embarcada, como resistir a comparações como durabilidade e resistência do material, ainda mais com poucos recursos financeiros?
Estudei a fundo o uso de pigmentos a base de óxido de ferro, criando aplicações na forma de chapisco colorido, pinturas caiadas e pinturas com pasta de cimento. Dessa forma, reduzimos muito o custo em relação à pintura com tinta látex PVA ou acrílica.
Quanto à durabilidade, basta saber que o homem pré-histórico já coloria as paredes das cavernas usando o pigmento avermelhado do óxido de ferro e até hoje essas pinturas se encontram em bom estado de conservação, tomando como exemplo as pinturas rupestres encontradas por arqueólogos na Serra da Capivara, Piauí, há pelo menos 15 mil anos.
Quanto ao custo, trata-se de material de baixo custo e de fácil acesso à população. O chapisco colorido consiste na mistura de cimento, areia, pigmento em pó (ou pigmento líquido) e água. Bem mais barato do que tinta e sem a necessidade de haver pintor na obra.
Assim, criei um mostruário de aproximadamente 40 cores na forma de chapisco, treinei equipes para aplicar a técnica e em conjunto com essas equipes, desenvolvemos pinturas caiadas e pinturas de pasta de cimento com películas resistentes à ação da chuva e sol.
O procedimento do chapisco colorido é simples e barato, pode ser aplicado manualmente ou através de rolos de pintura simples ou texturados, por qualquer pessoa.
O sucesso do chapisco colorido é notado nos muitos elogios feito pelos próprios moradores dos setores beneficiados e uma prova disso é que depois de mais de 6 meses de aplicado o primeiro chapisco colorido, até hoje ele se mantém conservado, sem nenhuma pichação. O interesse dos moradores em aprender as técnicas citadas me faz crer que esse trabalho também tem um forte cunho social, podendo ser criadas oficinas de pinturas abertas aos moradores, fomentando novas alternativas para geração de renda à população desempregada.
Tenho a esperança de ver esse tipo de acabamento em mais programas de urbanização de favelas na cidade de São Paulo, bem como em outros municípios do interior e da Grande São Paulo.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil