Conte sua história › Olga Futemma › Minha história
Um dia, na faculdade, me disseram o seguinte: tem um convênio da universidade com o departamento de filmes educativos do Instituto Nacional do Cinema. E um dos temas selecionados para um filme universitário foi o bairro da Liberdade (em São Paulo), e nós queremos propor que você faça a direção. Imagina, um presente dos deuses, todo mundo penando para achar produção, e para mim caiu no colo! Esse primeiro filme, “Sob as Pedras do Chão”, me proporcionou um reencontro com muitas coisas que já estavam acumuladas na minha vida.
Depois fiz um documentário sobre a comunidade okinawana, “Hia Sá Sá – Hay Yah!”, e, seguindo o caminho desvendado, um filme com a vida de mulheres japonesas, “Retratos de Hideko”, e outro sobre os exibidores ambulantes de cinema japonês no interior de São Paulo, “Chá Verde e Arroz”. São temas que possuem um potencial extraordinário, ainda não suficientemente explorado. Fiz também cinema de temática sindical, filmamos as primeiras greves pós-ditadura, lideradas pelo Lula. Essa permeação de culturas se deu pelo meu próprio trabalho, e isso foi muito forte, pois até então eram dois mundos separados, uma coisa que a geração atual nem deve imaginar.
Entrei registrada aqui na Cinemateca em 1984. Hoje coordeno o setor de documentação e pesquisa. Nós temos coleções de documentos, uma base de dados com todos os títulos da produção nacional de 1896 até 2007, 200 mil rolos de filme mantidos em baixa temperatura e umidade, laboratório de restauração e duas salas de exibição. Para o centenário, estamos programando mostras de filmes japoneses durante o ano inteiro. Há também um projeto de catálogo com todos os filmes japoneses exibidos em São Paulo.
Depoimento ao jornalista Leo Nishihata
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Olga Futemma
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil