Conte sua história › Claudio Sampei › Minha história
Sempre ouço nikkeis falando sobre as histórias do Japão que seus pais ou avós contam. Eu não ouvi histórias assim: meu avô paterno Itsumu morreu quando meu pai ainda era criança, meu avô materno Shusuke morreu quando eu ainda era criança e minha avó materna Toyo se lembra pouco do Japão, pois chegou ainda pequena ao Brasil.
Cresci junto à minha avó materna Miyoko (ou Mioco, pela dificuldade de romanização do japonês na época), nascida em 1920 já no Brasil, na cidade de Santo Anastácio, interior de São Paulo: meu bisavô Asami chegou da província de Fukushima no terceiro navio, em 1912. E as histórias que minha obaachan Miyoko contava (e ainda conta) eram as histórias do interior, muitas vezes parte do folclore brasileiro. Ouvi várias histórias de saci e mula-sem-cabeça, contadas em japonês. Minha avó, apesar de nascida no Brasil, foi criada como japonesa e fala e escreve muito melhor o japonês do que o português.
Dos meus pais também nada de histórias do Japão: os dois nascidos na capital paulista contam as histórias de como São Paulo era antigamente. Histórias do campo de futebol que ficava no cruzamento entre a Avenida Faria Lima e a Avenida Rebouças, próximo de onde meu pai Jorge nasceu, no bairro de Pinheiros, e do medo dos loucos que fugiam do Sanatório Charcot, na Vila Livieiro, ao lado da Via Anchieta, onde cresceu a minha mãe Irene.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil