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  Conte sua históriaDaniele Suzuki › Minha história

Daniele Suzuki

Rio de Janeiro / RJ - Brasil
47 anos, atriz e apresentadora

Dramas familiares


Na minha infância, meu pai me levava muito à Floresta da Tijuca, no Rio. Fazia muitos barquinhos de folha. Toda vez era a mesma coisa. Isso eu lembro muito bem. Eu tinha 6 ou 7 anos. Ele foi muito bom pai durante essa época, brincava muito, me levava para fazer as coisas, tinha muito passeio. Praticamente toda semana a gente saía, ele me levava para comer churros.

Quando era pequena, eu me interessava pela cultura japonesa. Tanto que aprendi algumas musiquinhas. Tinha um caderninho onde escrevia os números que meu pai ensinava. Mas, depois que meus pais se separaram, fiquei dos 11 aos 18 anos sem ver meu pai. A partir daí, só o encontrava uma vez por ano. Meus pais se conheceram na faculdade Gama Filho, no Rio. Ele era judoca. Tem nome na história do judô no Brasil. Foi duas vezes campeão Pan Americano, quatro vezes campeão carioca. E minha mãe era campeã de ginástica rítmica. Os dois representavam a faculdade nos esportes. Ela fazia curso de Psicologia e ele, de Engenharia. Minha mãe é professora e dá aulas de dança moderna numa academia em Copacabana. Os dois tiveram uma academia até se separarem, a academia Suzuki, no Grajaú. Ela ensinava balé, e ele dava aulas de judô. Eu cheguei a fazer aulas com o meu pai. Quando se separaram, venderam a academia. Hoje, meu pai trabalha como engenheiro, desenvolve umas máquinas de ginástica... É um inventor.

Tive uma infância excelente. E mesmo a minha adolescência foi boa, apesar dos problemas familiares, da separação dos meus pais e das mudanças de casa, de bairro e de escola. Morava no Grajaú, depois fui para o Flamengo, Botafogo, pipoquei por muitos lugares, casas de muitas pessoas, passei por muitos problemas financeiros. Vivia com minha mãe e minha avó, e passamos muitas dificuldades. Nessa época, minha irmã morava nos Estados Unidos, com uma tia. Com 13 anos, eu tinha ganhado uma bolsa de balé nos Estados Unidos, mas voltei depois de dois meses porque não me adaptei, e minha irmã ficou lá. Para a minha mãe, era menos uma filha para administrar.

Foi um processo muito complicado por causa do afastamento do meu pai. Ele não apenas foi embora como deixou vários problemas. Minha mãe tomou conta de tudo sozinha. Ela me ensinou a contornar isso tudo como se não fosse um problema, mesmo sem casa, sem nada, sem ter dinheiro para comer. Para ela, passar fome era uma coisa normal... “Está tudo OK”, dizia ela. Nada disso era problema para ela, tudo era experiência de vida. Minha mãe é uma pessoa muito espiritualizada, é quase uma japonesa, tem um pensamento muito parecido com o do budismo. Toda a minha postura, na vida pessoal e no trabalho, foi moldada pela minha mãe, com certeza.

Não fiquei com o menor problema com relação ao meu pai. Hoje, falo com ele raramente por e-mail. Numa boa, eu falo: “Pai, amo você, se cuida aí, reza, evolui espiritualmente, porque você está um pouco atrasado ainda. Olha o desapego material, está com seus valores trocados, não sei o quê...”. Minha mãe é que me passou essa postura, para que eu não crescesse com raiva dele, não fosse rebelde, com problemas.

Com relação à família do meu pai, tive pouco contato. Eles não se interessaram muito em se aproximar. Nas poucas tentativas que fizemos, eles não quiseram muito envolvimento, não sei se por conta de os japoneses serem muito fechados. Acho que os japoneses lá no Japão podem ser assim, é normal. Mas acho que aqui foi por causa de problemas familiares, já que são paulistas, apesar de serem filhos de japoneses. São dramas familiares.

Mas vejo um lado bom! Na minha família tem uma mistura de tudo: japonês, italiano, alemão... Minha avó materna era do Ceará, minha mãe é mineira. Cada uma acrescenta uma coisa. Gosto de misturas. Acho bom também preservar a cultura, não perder suas particularidades, individualidades. Mas, quanto mais misturado, mais versátil.

Depoimento ao jornalista Paulo Ricardo Moreira
Fotos: Carlos Ivan Siqueira / divulgação da TV Globo / arquivo pessoal


Enviada em: 08/05/2008 | Última modificação: 08/05/2008
 
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Comentários

  1. Renato Yassuda @ 8 Mai, 2008 : 15:24
    Prezada Daniele; Parabéns por seus excelentes depoimentos e obrigado por compartilhar conosco. Particularmente, gostei muito do trecho:"Cada uma acrescenta uma coisa. Gosto de misturas. Acho bom também preservar a cultura, não perder suas particularidades, individualidades. Mas, quanto mais misturado, mais versátil." Cada povo, cada geração tem seus pontos bons e ruins. Selecionar os pontos bons e encaminha-los para quem continua a seguir o caminho da vida é o que de melhor podemos fazer enquanto percorremos nossos caminhos.Se puder leia também meu relato neste site. Ficarei honrado e agradecido. Parabéns também por sua carreira e por suas excelente interpretações. Saúde e sucesso!

  2. Simone de Souza @ 9 Mai, 2008 : 14:36
    Adorei a entrevista com Daniele Suzuki. O autor teve sensibilidade ao lidar com um assunto que parece difícil para a atriz: a relação com o pai. E trouxe à tona pequenas histórias de vida que foram se entrelaçando num grande painel. Parabéns!!!

  3. Milton Narita @ 9 Mai, 2008 : 15:55
    Daniele: Veja como está sendo importante a "comemoração do centenário". Bom porque pode-se resgatar, cada um à sua maneira, os fatos bons ou ruins, mas simplesmente podermos conhecer nossa história. Nesta página que a Abril nos empresta é fantástico porque sem ele não teríamos como conhecer as histórias de muitos migrantes. Fico muito feliz por você estar conquistando bravamente o teu espaço e dar continuidade a história da família Suzuki... PARABÉNS DANIELE E Ao Jornalista Paulo Ricardo Moreira. SAÚDE E PAZ... Milton Narita Coordenador da Comissão Municipal do Centenário no Município de São Gotardo/MG.

  4. Zé Heitor Zomer/FLORIPA @ 11 Mai, 2008 : 04:12
    >Dani, a história nos revela fatos surpreendentes, mas nem sempre tão felizes como esperávamos e desejássemos, porque nossos ascendentes viveram e passaram por situações tão difícies e até cruéis pelas circunstâncias de suas vidas de muito trabalho duro e de luta. Contudo isso, você foi abençoada e veio ao mundo, linda e saudável. Sou teu fã, da pessoa, atriz e apresentadora querida e lindinha que você é. Desejo sinceramente que continues crescendo e fazendo muito sucesso na TV, aproveitando as boas oportunidades,e onde você almejar...TUDO de MELHOR prá você, minha FLÔR do ORIENTE. BEIJOSS!!!<

  5. Hiroshi @ 16 Mai, 2008 : 09:54
    Dani, minha filha.Fico cada vez mais orgulhoso da minha querida filha.Você de certa forma está resgatando estorias do meus pais.Com certeza os seua avós estão felizes e orgulhosos de saber que sua neta vem absorvendo a cultura japonesa e contribuindo na sua divulgação Contar a estoria dos seua avós você está contando a estoria de centenas e milhares de descendentes japoneses cujos os seus anscentrais tiveram estorias semelhantes. Se o seu namorado parece com o seu pai, case com ele ,pois vc está no caminho certo (muito riso)

  6. Sayuri T. Lima @ 17 Mai, 2008 : 01:03
    Essa foi uma das melhores histórias do site. Ela nos aproxima de uma pessoa que, normalmente, só vemos pela televisão. Descobrimos que ela tem lembranças boas e más, que transpôs muitos obstáculos para ser a grande pessoa que é. A luta pessoal da Daniele é diferente da de seus antepassados, mas não menos nobre e importante. É a luta pelas suas próprias conquistas. Parabéns à ela e à equipe de reportagem. O repórter captou muito bem os sentimentos da Dani, e o fotógrafo a registrou lindamente!

  7. Maurício Marques @ 20 Mai, 2008 : 16:51
    Que depoimento sincero e maravilhoso! Aliás não poderia ser de outra forma, pois tudo que vem da Dani é do bem, da luz. Uma história maravilhosa, simples, uma lição de vida e amor, muito bem contada, com riqueza de detalhes, que termina por nos mostrar quão especial é a sua personagem. Dani, parabéns pra você e toda sua família.

  8. Marcus Vinícius Orlando @ 23 Mai, 2008 : 14:00
    Parábens Dani por estar resgantando esta cultura maravilhosa, eu desejo a você muita força,paz e sucesso que Deus continue iluminando seu caminho com toda proteção. Bjos Do seu prinmo e família que te ama muito

  9. Karina Yoko G. Yamada @ 23 Mai, 2008 : 20:57
    Achei esse um dos depoimentos mais espontaneos, mais bonitos. Sem auto-censura, Daniele Suzuki só fez subir no meu conceito. Mesmo não tendo ligação presente com suas raízes, nota-se o quanto são importantes para ela. Que Daniele realize o desejo de visitar o Japão e ganhe forças renovadas em sua vida,no trabalho e na relação com os seus. Parabéns, Daniele e à equipe que a entrevistou e conseguiu traduzir em letras os sentimentos dela.

  10. Iara Gonçalves de Oliveira @ 3 Jun, 2008 : 11:46
    Oi Daniele, li a história da sua família.Achei-a triste mas esses acontecimentos não são programados pelos homens da terra e sim por Deus pode ter certeza e assim você lindinha famosa que nos alegra muito, nasceu aqui...Beijos sou sua fã Iara

  11. Paulo Madim @ 19 Jun, 2008 : 02:54
    Parabens Daniela; a sua e a historia da sua familia em muitos aspectos confunde-se com o de muitas outras que foram marcadas nao somente com boas experiencias, mas nem por isso deixaram de almejar e conquistar com garra e determinação o seu devido e merecido espaço. Que continue a brilhar como artista e principalmente como pessoa e que muita luz ilumine o seu caminho.

  12. Yoko Cristina N. L. Yamada @ 19 Jun, 2008 : 10:31
    Parabéns Daniele por esse depoimento tão sincero e emocionado. Já havia lido entrevistas suas e vejo seu programa. Dá para ver que você é uma pessoa sincera, espontanea, mas agora ao abrir seu coração dessa forma tão linda, me emocionou. Todos nós temos nossas mazelas, nossas dificuldades emocionais. Alguns preferem "esquecer", mas você não, prefere deixar aflorar e tentar resolver. Foi uma lição de vida! Parabéns ao repórter que tão bem soube colher e regidir essa história de vida. E as fotos são lindas como você Daniele! Um beijo no coração! Yoko Cristina N.L. Yamada

  13. Patrick Mathi @ 20 Jun, 2008 : 16:40
    Fico feliz que esteja bem e fazendo sucesso.Fomos bem amigos na época do Cruzeiro...a gente aprontava muito.Felicidades e PAZ! PS:Tô noivo de uma japonesa aqui em São Paulo, vou ter filhos japas.

  14. Klissia Tiba @ 30 Jun, 2008 : 23:32
    Olá Daniele, tudo bem? Eu estava observando que temos origem da mesma província. Li a história de que seus bisavós vieram no Kasato Maru. Você sabe que a última imigrante viva que veio no Kasato (Tomi Nakagawa) morou aqui na minha cidade, Londrina? Haha... eu achei interessante e que esse mundo é mesmo pequeno! Bom, é isso. Parabéns pelo trabalho! Klissia Tiba

  15. Paulo H. Suzuki @ 14 Ago, 2008 : 16:19
    Oi Daniele, lí um pouco a sua história e a história de sua família. Muito interessante, acredito que todos os imigrantes japoneses tiveram muitas dificuldades naquela época. Todos lutaram bastante. Eu também sou sansei e estou morando em Shizuoka-ken Um grande abraço e "gambatekudasai"

  16. japa pobre @ 25 Set, 2008 : 02:42
    sou fã dela

  17. Manuel @ 4 Dez, 2008 : 17:42
    ola pessoal alguem tem avos ou bisavo q vieram no kasato maru???? preciso de alguem para entrevistar eu sei q parece idiota mas eh um trabalho c alguem tiver avise pelo orkut IShihara Renan abracaum

  18. FAFM @ 9 Abr, 2009 : 08:48
    Amei a história! Parabéns

  19. Renata @ 12 Mai, 2009 : 15:50
    Nossa, Dani me identifiquei muito com você no seu depoimento. Nem sabia que você era mestiça. Que sangue forte de japonês seu pai tem heim! Também sou mestiça, meu pai é carioca, minha mãe é nissei e nasceu em Presidente Prudente. Eles se conheceram no Rio também, numa barca Rio/Niterói, super romântico, não? Mas também se separaram infelismente. Minha história foi menos dramática, pois eu já tinha 16, 17 anos e já entendia tudo. Me orgulho muito de poder ver uma nikkey nos representando na telinha pois é um espaço bem restrito aos orientais. Parabéns! Meu perfil: http://www.japao100.com.br/perfil/194/ Beijos

  20. Renata @ 12 Mai, 2009 : 15:52
    Ah, morei em Shizuoka-ken durante 5 anos e meio. Seus ascendentes vieram de lá neh! Bjs

  21. soraia oliveira suzuki @ 16 Dez, 2009 : 19:31
    Sua historia e raiz é linda!!!Gostaria tanto de encontrar alguém que pudesse me ajudar a realizar meu sonho!!! ñ conheço meu pai Jose Minoru Suzuki mas...sei onde está,porém,ñ tenho condições financeiras de ir encontrá-lo,no mais,também ñ sei se ele quer me conhecer.Sabe!Ele tem outra familia e ñ serei eu quem vai atrapalhar a vida dele.Meu maior sonho é conhecê-lo.Ainda mais agora que minha mãe faleceu...ñ consigo mais falar.....parabéns pelo sucesso.bjs segue meu e-mail:soraia_suzuki@ibest.com.br

  22. ronaldo alves @ 24 Dez, 2009 : 16:53
    olá danieli .desejando um feliz natal e um prospero ano novo com a sua familia tah beijosss te adoro0o0o muitissimo vc na novela viver a vida ok beiijosssss

  23. vera lucia felix @ 14 Fev, 2010 : 06:42
    tem historia do gatinho da sorte gostaria de conhecer eu comprei os gatinhos da sorte e quero saber o significado dele.

  24. Tieko @ 23 Fev, 2010 : 13:06
    Daniele, no seu texto "namorado igual ao pai", percebe-se que na sua formação você teve como exemplo o seu pai, a presença dele foi muito importante! Sucesso!

  25. lisa @ 6 Abr, 2010 : 09:01
    Oi danielle fiquei muito triste quando soube k terminaste o namoro com o RIcardo pereira, gostava muito de ver os dois juntos.BJs

  26. sil @ 25 Mai, 2010 : 12:25
    oi danielli,meu pai veio do japao aos 8 anos,fazem 50 anos que ele esta no brasil,ele nasceu em hokkaido-saporo sera que temos algum parentesco?agora que vc cortou o cabelo ficou muito parecida com minha falecida avo(yoshino suzuki)meu falecido avo se chamava rokurobe suzuki,felicidades e muito sucesso,se vc puder me responda,meu e-mail silzuki@hotmail.com bjos

  27. THIAGO @ 31 Out, 2010 : 08:48
    essa mulher é linda ainda+com cara de japonesa huuuuuuuuummmmm meu sonho de consumo hahaha muito linda , ah obrigado por vcs japoneses vim parar aqui no Brasil hahaha caso vc quiser DANIELA , VAMOS COMBINAR UM DIA QUEM SABE TOMAR UM SUQUINHO E COMER UM PASTELZINHO NA FERINHA QUE TEM AQUI EM GUARULHOS , OS PASTELZINHOS É DA FAMÍLIA MAEDA ACHO Q É BEM FAMÍLIA ESSE SOBRE NOME PARA VC E SEU PAÍS NÃO?ADORARIA UM DIA TE CONHECER PESSOALMENTE , SABE?ATÉ MÚSICA , FILME , SERIADOS , NOVELAS E TODAS OUTRAS COISAS GERALMENTE EM MIM ESTÁ SENDO JAPA HAHAHHA AMO ESSE PAÍS !!!!big in japan!!!

  28. Re Sampaio @ 5 Dez, 2011 : 08:34
    Cade vc q não aparece mas pelo Grajau temos q marcar de reunir toda a galera bjos Re

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