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Dayoni, dayoni!''
(Amélia Harue Sato)
Ocasionalmente, em uma chácara no interior de São Paulo, ao redor de uma casa levantava-se poeira. Esta poeira que subia ao céu, uma mistura de terra e areia era proveniente de duas crianças que corriam em meio a uma gritaria na qual se ouvia sem fim: dayoni!
'Dayoni' significava para mamãe quando pequena em seu dialeto de criança e Hiroshima-ben (dialeto de Hiroshima): 'Dê para mim!' Mamãe corria atrás de sua irmã (Tia Kinue) que segurava firme uma lata de metal.
Na cultura nipônica, tradicionalmente existe um costume de levar uma lembrança, quando se vai visitar alguém. E Odi e Obá quando recebiam visitas recebiam em mãos latas com biscoitos. Durante o bla bla blá habitual, onde os adultos conversavam sobre o dia a dia no campo, tomando café e chá verde, mamãe e Tia Kinue a distância fixavam os olhos nas latas que ficavam sobre a mesa de centro da sala falando para si: 'yo no!' ou é meu!
Quando as visitas iam embora, as duas garotas avançavam sobre as latas, para ver quem se apropriava primeiro. Tia Kinue levava vantagem pela idade, era mais ágil e rápida que mamãe que tinha 4 anos de idade.
O embate se prolongava pelo quintal. Mamãe corria desesperadamente atrás da Tia Kinue que não largava as latas de jeito nenhum. Eram latas que acondicionavam biscoitos sortidos da marca Aymoré.
Mamãe de vez em quando alcançava o seu objetivo e Tia guardava as latas para a sua coleção. Mamãe e Tia Kinue em casa ajudavam Odi e Obá que ficavam o dia inteiro na lavoura mas mesmo assim ainda tinham tempo para serem crianças.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil