Conte sua história › Chieko Aoki › Minha história
Eu saí pequena de Fukuoka, na ilha de Kyushu, onde nasci (em 1948), e vim para o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial (em 1956). Meus pais já tinham parentes aqui, que haviam tido sucesso e possuíam fazendas. Para meus pais foi muito natural mudar para outras terras. Acho que foi uma aventura para eles. Meus pais, eu e meu irmão pegamos o navio e fomos para Bastos (SP), para a fazenda da tia da minha mãe. Não recordo detalhes, mas tenho boas lembranças dessa viagem. Criança sempre se diverte, e tudo era novidade para mim.
Na época, os imigrantes japoneses eram obrigados a uma espécie de quarentena: deveriam passar no mínimo dois anos trabalhando na agricultura. Não era essa a intenção inicial dos meus pais. Acho que meu pai queria abrir um negócio por aqui, ou algo do tipo. Mas não teve jeito, tiveram de cumprir essa determinação. Para eles foi um pouco assustador, porque nunca tinham visto uma fazenda naquelas proporções.
A nossa adaptação aconteceu de forma muito normal. Minha mãe já era estrangeira no Japão, porque nasceu na China e cresceu na Coréia. Além disso, meus pais não tiveram dificuldade com o calor, porque Kyushu fica ao sul do Japão, onde o clima é quente. Esses dois anos em Bastos ficaram bem gravados na memória, pois foi uma época de adaptação. Não deve ter sido fácil para eles, mas acredito que todo desafio e dificuldade são oportunidades de aprendizado, porque, se nos dedicamos realmente à solução de um problema, aprendemos com isso. Eles se lembram dessa fase com muita saudade, recordam as coisas que tiveram de inventar para vencer as dificuldades nesse período.
Eu tenho muita facilidade em me habituar a tudo, é uma característica de minha personalidade. Mal chegamos aqui, aprendi o português rapidamente. Quanto à escola, sempre foi tranqüilo. Eu e meu irmão íamos muito bem nos estudos.
Depoimento à jornalista Chiaki Karen Tada
Edição: Chiaki Karen Tada e Renata Costa
Vídeos: Estilingue Filmes
Fotos: Carlos Villalba e Arquivo Pessoal
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil