Conte sua história › Nádia Sayuri Kaku › Minha história
É engraçado hoje falaram para mim que eu gosto de cultura japonesa e tenho certas afinidades com aquele país que fica tão longe daqui. Até porque, eu, como muitos descendentes por aí, não tinha muito orgulho da minha ascendência. Na verdade, me incomodava um pouco o fato de só por ter olhinhos puxados, eu era meio diferente dos outros.
E ainda como eu cresci em um colégio francês, eu sabia a letra da Marselhesa, mas não fazia a mínima idéia do que era um kanji e nem tinha interesse em aprender.
As coisas mudaram um pouco quando eu mudei de escola e fui parar em uma em que uns 30% dos alunos eram nikkeis. É muito legal você descobrir que não é a única que não entende os costumes das famílias (como as tantas missas que a gente tem que fazer), ou que freqüenta a liberdade para comprar missô para a mãe, por exemplo.
Mais: você descobre que é legal sim ter olhos puxados. Sabe, e nem é aquele negócio de “japas de colônia” que muitos estigmatizam. Mas só o fato de eu não me sentir estranha, por, às vezes, ter costumes diferentes, linguagens diferentes ou por chamar as comidas pelo nome japonês.
Daí para começar a trabalhar numa loja da liberdade foi um pulo. Depois, ir para a faculdade de jornalismo e começar a estagiar num jornal vendido no Japão. Mais adiante, começar a estudar japonês e ir pro Japão trabalhar e conhecer o arquipélago.
É, pensando bem, eu entendo um pouco quando as pessoas dizem que eu gosto do Japão.
As opiniões emitidas nesta página são de responsabilidade do participante e não refletem necessariamente a opinião da Editora Abril
Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil