Conte sua história › Motoyoshi Ue › Minha história
No dia 19 de novembro de 1949, casei-me com Maria Yano, 19 anos, moradora do município de Presidente Prudente. Em vista do que prega a tradição japonesa, de o filho mais velho ter, por obrigação moral, de cuidar dos pais, continuei trabalhando junto ao meu pai. Os meus irmãos Kenkichi e Mitsuo, foram trabalhar em uma firma japonesa, em outra cidade.
Após o casamento, eu e minha esposa, continuamos trabalhando no cultivo do algodão, em terras arrendadas no município de Presidente Bernardes, por mais 4 anos. Através de meu irmão Kenkichi, que trabalhava na cidade de Santo Anastácio, soube de um empreendimento, Vila Santo Anastácio, que estava em franco desenvolvimento. Interessado pela notícia, fui conhecê-lo. Tendo gostado, comprei aí um terreno para construir e no dia 30 de julho de 1953, já com os filhos Urbano e Lincoln, mudamos todos, inclusive o meu pai, para essa vila, que se chamava Palmital e, hoje, denominado Mirante do Paranapanema.
Mudamos totalmente o rumo de seus negócios, montando um estabelecimento para vender bebidas e comestíveis e, mais tarde, o transformamos em um armazém de secos e molhados, que vendia de tudo. A maior parte da freguesia desse armazém era de origem nordestina, cidadãos nascidos no Sergipe, Ceará, Alagoas e Pernambuco, com os quais mantemos sólida amizade até hoje.
O sucesso desse empreendimento proporcionou que, em apenas 4 anos, adquiríssemos um caminhão. Com essa nova aquisição, passei a ser comprador de algodão e cereais, como atacadista, enquanto minha esposa Maria cuidava do armazém.
Tendo surgido, nessa época, um movimento para emancipação política do município e, envolvido pelas circunstâncias, senti vontade de me tornar cidadão brasileiro. Assim, em 17 de novembro de 1959, o meu processo de naturalização foi concretizado. Daí, em 8 de janeiro de 1960, tornei-me eleitor e pude participar, com o meu voto, da 1ª eleição municipal de Mirante do Paranapanema. Todo esse sonho de me tornar cidadão brasileiro era movido por um sentimento de gratidão por ter sido acolhido, respeitado e valorizado pelo povo de um país tão distante de minhas origens. Até me lembrei que, se estivesse em minha terra natal, fatalmente, teria sido morto, em 1945, quando a 1ª bomba atômica da história mundial caiu sobre Hiroshima. Bem como, poderia também ter sido vitimado mesmo antes dessa data, já que teria idade para participação ativa na guerra mundial.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil