Conte sua história › Issao Minami › Minha história
Convidado que fui pelo Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Kyoto - IELAK para o seu "International Symposium 2007 Latin America: Possibilities and Challenges", representei a Universidade de São Paulo (USP) no Japão. Fiz a palestra de abertura deste importante encontro, e o professor, matemático e físico Fidel Castro Diaz-Balart, filho de Fidel Castro, encarregou-se da palestra de encerramento, que ocorreram em Kyoto, antiga capital japonesa.
Falamos sobre os problemas latino-americanos. Fiz leituras sobre urbanismo e a preservação do patrimônio ambiental e cultural. Expus sobre o trinômio café, imigração e tecnologia ferroviária no Brasil no século e tecemos muitos comentários sobre o centenário da imigração japonesa no Brasil e a participação do nikkei na cultura brasileira.
Aproveitei a oportunidade da viagem e pude satisfazer meus três desejos. Um, observar e estudar de perto a arquitetura milenar preservada das construções, o paisagismo, o desenho urbano da cidade, o planejamento secular e o contemporâneo, os templos e a convivência com o hi-tech do Sanjô e do Shijô, o bairro boêmio de Gion e as gueixas. Ah! As gueixas realizando a cerimônia do chá e demonstrando sua habilidade na dança e música no famoso Tsuru-ya, na expectativa do meu segundo desejo. Por fim, o desejo inconteste de ver de perto e com os meus próprios olhos a terra natal de meu pai e a de meus antepassados, onde jazem as 18 gerações dos Minami.
Na ilha Awaji (na província de Hyogo) pude sentir a vibração positiva e a energia espiritual da re-ligação com os meus ancestrais.
A ilha Awaji, secularmente separada do continente, hoje está interligada por uma travessia (uma ponte estaqueada, semelhante à das Águas Espraiadas), o que possibilitou a minha ida, muito rapidamente, para a longínqua terra de meus ancestrais. Sem dúvida, esta foi a maior emoção de minha vida: respirar o mesmo ar de onde proveio toda a minha família, ver de perto a montanha cercada por verde de que meu pai nos falava, esta maravilha onde ele, pequeno, passou a sua infância.
Ver as coisas de meu avô e de meu bisavô ainda intactas na edificação reconstruída com o material da casa de 450 anos destruída pelo terremoto na localidade honkê de minha família e sentir a presença forte de 18 gerações de médicos da família através de objetos e pertences ainda preservados, como um grande armário de madeira cheio de gavetinhas onde Manjiro guardava as ervas que manipulava e oferecia aos necessitados.
Tanta e quanta memória absoluta, parada no tempo e no espaço...
No final do simpósio fui de shinkansen até Hamamatsu e Shimizu para ver de perto o Monte Fuji, cuja imagem havia capturado na viagem de vinda de Narita para Osaka, onde desembarquei e que tinha me impressionado pela generosidade desta poética e imagética. Não pude deixar de vê-lo de seu sopé, de mais perto, pois é espetáculo à parte na paisagem nipônica. Inesquecível como nada neste mundo...
Desejos e mais desejos, nada mais que três desígnios, desejos, no tempo e no espaço.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil