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“Chichi haha no shikiri ni koishi kiji no koe” (“Saudade imensa dos pais no grito melancólico do faisão”)
Haicai de Matsuo Bashô
Observem que este pensamento é a mais autêntica referência aos panfletos das primeiras décadas do século passado que diziam: “Vá ao Brasil e volte rico em dez meses!”
A alusão era de que seria o Brasil, um eldorado.
Com este pensamento, a maioria dos imigrantes deixou sua terra natal em busca de novas oportunidades.
Meus antepassados constituem-se 18 gerações de médicos no Japão, que foram interrompidas na geração de meu avô, Yoshio. Filho do médico Manjiro da região da ilha Awaji, ele também estudou medicina e já era pós-graduado na Capital, quando resolveu vir para o Brasil.
Na ocasião, simplesmente disse ao pai:
“Burajiru e ikô to omote imassu”. (Penso em ir para o Brasil)
Manjiro respondeu quase que monologamente:
“Dewa itê, hayô modotê koi, kochiramô sigoto ga oi ke”. (Vá, mas volte logo, porque tem muito trabalho aqui)
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Assim, em 1927, o navio Burajiru Maru veio carregado de japoneses para o Brasil. No meio deles, estava a família Yoshio Minami e o pequeno Tsuneo (meu pai). Com pouco mais de 12 anos, ele já se destacava na tripulação pela felicidade da viagem e pelas coisas diferentes as quais não estava acostumado.
Enfrentaram uma longa viagem de 60 dias. Quando desembarcaram no Porto de Santos, já no Brasil, o patriarca Yoshio, com certeza, sentiu-se verdadeiramente o faisão de Matsuo Bashô:
“No coração, a tristeza e a saudade de uma terra muito distante.”
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil