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Tomie percebeu que não deveria impor a cultura japonesa e que deveríamos conviver na sociedade como verdadeiros brasileiros. Nunca ficamos circunscritos à comunidade japonesa. Isso foi uma vantagem. Tínhamos uma liberdade muito maior, convívio com pessoas de todas as formações. Eu era o único nissei no meu colégio. Morar em São Paulo também contribuiu para essa abertura, já que a cidade sofre influência de diversas culturas. O mesmo não se pode dizer de quem foi para o interior. Eles ficaram mais fechados entre si. (Assista ao vídeo em que Ruy fala sobre a educação recebida de sua mãe)
Nosso maior hábito oriental em casa era a gastronomia japonesa. O resto era bem brasileiro. Assim, só fui me interessar de verdade pela cultura dos meus antepassados com mais idade, por causa da profissão. A arquitetura clássica japonesa é muito bonita, procura a síntese. Foi a cultura japonesa que inventou o armário embutido, um exemplo do pensamento clean da cultura japonesa. Enquanto no ocidente uma casa tem três espaços principais – o local de estar, a cozinha e dormitórios – uma tradicional japonesa tem dois espaços: a sala, recoberta por tatame, que também serve de quarto, e a cozinha. (Veja o vídeo em que Ruy explica em detalhes a arquitetura clean)
Falo um japonês muito precário. Tem até um episódio engraçado. Quando o Itamaraty me convidou para fazer o projeto da Embaixada do Brasil em Tóquio, em 1988, a construtora japonesa viu meu sobrenome e achou que o diálogo em japonês seria fácil. Logo na primeira reunião pedi um intérprete porque meu conhecimento do idioma não é suficiente para uma conversa formal. Fiz um projeto que pretendia ser um marco da cultura brasileira em Tóquio.
Depoimento à jornalista Juliana Almeida
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Ruy Ohtake e Tomie Ohtake
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil