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Raul Kodama

São Paulo / SP - Brasil
107 anos, Militar Reformado

A luta na guerra


Antes, eu tinha me voluntariado para trabalhar no exército, para poder estudar. Mas o capitão me chamou de vagabundo. Então, eu queria ser expulso do exército e, por isso, só arranjava confusão.

Em 1944 fomos para a guerra, na Itália. Eu não entrei em combate, mas fazia de tudo. Em janeiro de 1945, fui ferido na guerra. Estava levando os soldados para tomar banho, quando explodiu uma bomba.

Quando voltei para o Brasil, pensavam que eu estava louco. Fiquei neurótico e me tratei no Hospital das Clínicas (SP). Como minha família não queria saber de mim, me hospedei num hotel no centro de São Paulo. Às vezes chorava.

Com o dinheiro que ganhei na guerra, pensava em trabalhar como tropeiro. Mas minha mãe precisou gastar tudo. Trabalhei fazendo “bicos”. Fui convidado a voltar para o exército, mas preferi me garantir com o auxílio de invalidez a correr o risco de ser mandado embora.

Me casei em 1958 com Alice [Yoko Yossini]. Freqüentava a casa dela, pois era amigo do irmão dela. Tivemos dois filhos, Nelson e Aristeu. Fui rígido, mas dei liberdade a eles. (Assista ao vídeo em que Kodama fala sobre a educação japonesa)

Fui com meu pai ao Japão, em 1988, convidado pelo governo japonês em comemoração aos 80 anos de imigração japonesa. Eu não queria ir, mas minha esposa insistiu. Fomos recebidos pelo príncipe Akihito, que hoje é o imperador.

Na recepção, todos os japoneses ficavam sentados no chão, mas eu não conseguia. Pensei: sou brasileiro. Fiquei de pé e agradeci a hospitalidade, em português. Todo mundo se levantou.

Hoje me sinto livre. Sou brasileiro e que ninguém fale que não sou. Fui moleque de rua, vim para São Paulo com uma mão na frente e outra atrás; dormi no “Hotel das Estrelas”. Mas consegui.

Depoimento à jornalista Kátia Arima
Fotos: Alexandre Schneider e arquivo pessoal de Raul Kodama
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes


Enviada em: 11/10/2007 | Última modificação: 29/10/2007
 
Vida em São Paulo »

 

Comentários

  1. Yassuda Renato @ 11 Jan, 2008 : 13:01
    Prezado sr. Raul Kodama; Achei muito interessante seu relato de vida, que em alguns tópicos se assemelha bastante com minha história de vida. Meu avô, que também se chamava Ryoichi, como seu pai, também não ensinou o idioma nem os costumes japoneses aos seus filhos. Portanto eu também sabia muito pouco sobre a terra de meus ancestrais. Somente bem recentemente vim a conhecer a história de nossa família no Japão. Outro fato interessante é que o senhor serviu na II Guerra Mundial. Também tenho um tio, já falecido que era casado com minha tia Casuhê, cujo irmão mais velho serviu na II Guerra Mundial na Força Expedicionária Brasileira como oficial médico. Seu nome era Massao Udihara e ele esteve na Itália em 1944-45. Quem sabe o senhor conheceu ele. Gostaria que o senhor pudesse ler minha história também. Seria uma honra. Obrigado.

  2. carlos @ 13 Jan, 2008 : 01:54
    Muito bonita essa historia mesmo. A pena que os japoneses que moram no Japao nao dao a minima para isso. Para grande parte dos japoneses que estao no Japao, essa historia dos japoneses que foram para o Brasil, e ignorada e estes sao considerados traidores da patria.

  3. Abel Shigueto Hirata, abel@hirataimoveis.com.br @ 13 Mai, 2008 : 22:02
    Sr. RAUL, sou filho do Sr. Ossamu Hirata (vulgo João Gordo) que morava em Pres. Prudente. O meu pai conviveu muito intimamente com seus pais e seu irmão CARLOS, nas décadas de 40 e 50, ele frequentava muito a casa da Av. Mel. Goulart (casa da foto), onde levava o carro para o CARLOS consertar. Eu, na época tinha entre 4 e 7 anos, lembro-me que, vivia comendo guloseimas que seus pais me ofereciam. Quando meu pai levava o carro para conserto, entregava alicate e chaves de fenda para o CARLOS, quando ele estava debaixo do veículo. Fiquei sabendo do falecimento de seu pai, através de jornais, isto me deixou triste, porém, trouxe muitas lembranças boas da época, em que ele me carregava nas costas (brincando de cavalinho). Tive o prazer de conhecê-lo, numa das vezes em que o senhor visitou seus pais, ocasião em que o meu pai comentou a seu respeito. Sinto-me orgulhoso e honrado de ter convivido com seus pais (primeiros imigrantes). Parabéns, pelo exemplo de civilidade e patriotismo. O senhor lutou como um verdadeiro "samurai"...

  4. Hélio Gadelha @ 20 Jun, 2008 : 11:17
    Gostaria de me comunicar com Nelson Kodama, estudei com ele no Colégio Militar do Rio de Janeiro, meu email é gadelhaadv@hotmail.com, ou pelo fone: (81) 3466.761, (81) 9111.1957, (81)8647.9872, fico no aguardo

  5. G.A.A. @ 15 Dez, 2009 : 06:56
    Senhor Kodama Escrevi um conto infanto-juvenil baseado na história da vinda de um garôto japonês ao Brasil, via Perú, Manaus, Belém, Santos >>> Presidente Prudente. Já o tenho traduzido ao Castelhano, Haketía(dialeto espanhol do Marrocos)e Japonês. Necessito contato (email) de escolas japonesas desta área para solicitar desenhos escolares para uso nas ilustrações do livro. Ajude-me, por favor>>>>> kxyzbahia@hotmail.com<<<<<<<<

  6. edson l. de marchi @ 1 Nov, 2011 : 08:57
    Ha alguns anos o sr Raul Kodama esteve em Sao Bernardo do Campo, em 20 de novembro. Na inauguracao de placa comemorativa na Paraça do expedicionario, conversamos e nos contribuiu com a gloriosa historia de sua vida. Tiramos uma foto juntos, sr Raul Kodama, eu e acredito que o atirador Damasceno do TG de SBCampo tambem. O orgulho que temos as Forças Armada e principalmente ao Expedicionarios da Segunda Guerra, fazem-me orgulhoso em conhecer o Sr Kodama pessoalmente. Para meu registro de vida voces poderiam enviar-me uma copia desta foto. antecipadamente agradecido e orgulhoso em conhecer Sr Kodama. edson l. de marchi email luizdem@ig.com.br ou demarchi@kbonet.com.br

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