Conte sua história › Claudia Sayuri Yoshida › Minha história
Meus avós paternos viviam na província de Fukushima, onde levavam uma vida estável. Meu avô Kikuei Yoshida era filho de fazendeiros e minha avó Miki também.
Minha avó conheceu meu avô muito jovem qdo apenas tinha 17 anos de idade e decidiram se casar assim na espectativa de começar uma vida juntos, decidiram imigrar para o Brasil 70 anos atrás. Desembarcaram em Santos vindos no navio Burajiru-Maru.
Meu avô era um jovem muito bonito, alto e forte integrante da Marinha Imperial (Dai Nippon Teikoku Kaigun) ou Nippon Kaigun.
Eu soube a poucos anos através de tímidos depoimentos do meu pai, é que meu avô, serviu na marinha durante 8 anos e estes 8 anos ele praticamente morou num porta aviões. O treinamento consistia em nadar kilômetros e kilômetros e não se podia resgatar os marinheiros em treinamento, apenas se este estivesse a beira da morte. Ele navegou por todo o mundo, e meu pai, com um sorrizo estampado no rosto, conta nos emocionado e muito orgulhoso sobre a vida de seu pai. Infelizmente, eu e meu irmão tomamos conhecimento a cerca de 2 anos atrás,muitos anos após o falecimento de ambos avós, portanto, não pudemos aprofundar os detalhes para montar a bibliografia deles. O motivo o qual meu pai revelou as histórias foi por muita insistência minha ao sempre ver um quadro muito antigo pendurado na casa dos falecidos avós. Este me despertara interesse profundo em saber por qual motivo eles tinham um retrato de um porta-aviões. Assim, aos poucos fui descobrindo fotografias e um álbum, uma espécie de livro enviado pelo governo japonês para meu avô com todas as trajetórias da batalha na 1ª Guerra Mundial a qual meu avô servira.
Meu pai conta que após a vinda ao Brasil, ainda inúmeras cartas de condecoração e premiações foram enviadas pelos serviços prestados durante a Guerra para meu avô Kikuei, mas que todos foram devolvidos por minha avó que dizia "abandonamos nossa pátria, não podemos aceitar tais méritos". Até hoje, insisto muito para resgatar histórias como esta de meu pai, mas parece algo que pesa muito para ser revelado. Hoje tenho 30 anos, meu avô faleceu quando eu apenas tinha 11 anos e minha avó nos deixou a 7 anos. Gostaria de ter conversado mais a respeito de tudo isso que eles deixaram para trás, porque minha família sempre foi muito tradicional, manter viva a história da família.
Um de meus projetos é reunir todas estas informações dentre os familiares e montar um livro de memórias e fotografias de época dos meus avós. É uma forma de homenagear quem tanto sofreu e se arriscou vindo para um país totalmente desconhecido e enfrentou todas as dificuldades de língua, climáticas, financeiras. Uma maneira de reconhecer a coragem destas pessoas que hoje nos deram a base do que sou hoje.
As opiniões emitidas nesta página são de responsabilidade do participante e não refletem necessariamente a opinião da Editora Abril
Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil