Conte sua história › Shizue Miyata › Minha história
Meu futuro marido, Noboru, morava em União, e foi o primeiro a se formar na escola de japonês de Bastos. Também trabalhava na lavoura. Uma amiga, que era vizinha do meu futuro marido, nos apresentou, e casamos em 1950. Eu tinha 25 anos.
Fomos para Tupã (SP), cidade próxima, onde tínhamos uma loja de discos e instrumentos musicais. Meu marido era professor de música e ensinava todos os instrumentos que havia aprendido com um professor japonês. Comecei a dar aulas de costura para a comunidade. Tínhamos muitos amigos, freqüentávamos undokais, e eu fazia aulas de dança. Tinha uma comunidade grande, nossa vida não era ruim. Se bem que, na época da guerra, as clientes ficavam bravas se eu falasse em japonês.
Tivemos três filhos, Roberto, Emília e Nelson, que estudaram na escola em Tupã (SP), na década de 60. De manhã, trabalhávamos na loja, e, à tarde, eu freqüentava essas aulas de dança. Tinha uma melhor amiga, Asano Yoshiko, que possuía um bar e era professora de dança.
Quando tínhamos apresentação de música, o salão ficava bem lotado, e eu me sentia muito feliz, porque todos os meus filhos podiam estudar, eu podia fazer o que queria, não tive impedimentos na vida. Quando os meus filhos saíram da escola, foram fazer cursinho em São Paulo para entrar na faculdade. Era muito importante para mim e para o meu marido que todos estudassem. Compramos um apartamento e os três estudaram e trabalharam em São Paulo.
Nesse período, a minha família também saiu de Bastos e veio para São Paulo. Meu irmão mais velho tinha uma farmácia, e todos moravam no bairro de Pinheiros.
Meu marido se esforçava muito, trabalhava demais, de manhã até tarde da noite. Estava sempre trabalhando, ia para apresentações e levava instrumentos, que consertava de madrugada. Ele faleceu aos 66 anos, de insuficiência cardíaca. Na época, eu tinha 60 anos. Vendemos a loja e passamos a morar em São Paulo.
As opiniões emitidas nesta página são de responsabilidade do participante e não refletem necessariamente a opinião da Editora Abril
Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil