Conte sua história › Helio Takai › Minha história
Em Maringá, PR onde passei a minha adolescência a torre da igreja era motivo para orgulho e também de muitas estórias. A torre era tão alta que a cidade vizinha de Marialva sempre reclamava da sombra que ela fazia sobre a mesma. A torre também era tão alta que um furo foi feita nela para que a lua pudesse passar por ela toda a noite. A torre da igreja de fato existe e é bastante alta. A igreja é na realidade a Catedral da cidade e é uma estrutura com 124 metros de altura, o resto é estória de pescador.
Maringá foi onde passei a minha juventude até terminar o meu científico, hoje o ensino médio. Tenho boas memórias da cidade, onde a população de descendentes japoneses era e acredito que ainda seja muito grande. Tenho muitas memórias da cidade e em especial a turma do Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal. Maringá era uma cidade muito agradável e foi o pano de fundo ideal para quem estava crescendo e estudando.
Existe um mito que os japoneses no Brasil são muito estudiosos. Bom, esse era o caso da nossa turma de escola. A minha classe tinha muitos nisseis. Existia um canto da sala que era predominantemente de descendência japonesa, que eu o chamava de embaixada japonesa. Só na minha classe acho que tinhamos quatro Jorges e tres Mários, todos de origem japonesa. A escola tinha professores excelentes e que de certa forma contribuiu para a minha decisão de seguir uma carreira científica. Em particular o professor de matemática era ao mesmo tempo rigoroso e incentivava os estudantes a seguirem carreiras em ciência e tecnologia. Mito ou não me lembro que nós estudávamos bastante, e a nossa meta era o de ingressar nas melhores escolas possíveis. Sonhavamos com a USP, Getúlio Vargas, o ITA, ESALQ, e muitas outras. No fim muitos fomos cursar universidades em São Paulo. Caipiras em terra de gente grande.
Lendo o depoimento de muitos outros neste site, consigo entender a grande motivação de vencer na vida. O imigrantes que vieram ao Brasil tiveram grandes dificuldades. Tiveram uma vida muito difícil e muitos não foram capazes de sobreviver. Passaram grandes dificuldades e não quiseram que os descendentes tivessem o mesmo destino. A educação foi a grande saída para muitos nisseis que enfrentaram o desafio e se tornaram profissionais em várias áreas na sociedade brasileira, e também fora do país.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil