Conte sua história › Marion Fujita › Minha história
Minha bisavó, Wai Nishimura, veio no Kasato Maru. Recém casada, firmou-se no Brasil com muita dificuldade e estabeleceu-se na Rua Ana Neri, no bairro da Moóca, em São Paulo.
A família cresceu e nasceu minha avó, Haruco Nishimura. Uma nissei que, criada entre italianos e portugueses do bairro, ainda carrega expressões dos antigos vizinhos. Seu português (ou seria japonês?) tem um sabor "macarrônico". Explico: entre um "feijon" e um "washa" (expressão típica de Hiroshima para "watashi wa" _ eu, em japonês), lá se vai um "mamma mia!!!". Só vendo para crer, mas juro que é verdade.
Enfim, como o objetivo era obter sucesso e dinheiro, finalmente conseguiram retornar à terra natal.
Em Hiroshima, Da. Haruco (que virou Alice, no Brasil), casou-se com Toshio Yoshiga e assumiu o nome. Porém, de tanta mistura, não sei se ela é Alice Nishimura, ou Alice Yoshiga, ou Haruco Yoshiga, ou Haruco Nishimura!
Como a miscelânea já era mais do que evidente na nossa família, não era de se esperar que minha mãe, nascida em Hiroshima mesmo (1 ano após a bomba atômica), não viesse parar novamente no Brasil, onde casou-se e criou os seus 3 filhos (eu, minha irmã Akemi e meu irmão Dennis).
Por vezes, brinco com minha avó e minha mãe: "A 'bisa' nasceu no Japão, a avó nasceu no Brasil, a mãe nasceu lá e eu nasci aqui. Ih! Meus filhos têm que nascer no Japão?"
E elas riem deixando em minha responsabilidade essa tradição criada, não pelos antepassados, mas pelos percalços da vida.
E no final das contas, a pergunta que não quer calar é: sou nissei, sansei, yonsei? Ah, "NÃOsei".
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil