Conte sua história › Márcio Keiti Hiramoto › Minha história
Sei muito pouco de meus ancestrais para falar a verdade, e apenas do lado paterno.
Os meus avós não vieram no Kasato Maru, pois chegaram ao Brasil bem depois.
Uma coisa muito interessante foi saber que o meu avô foi policial ou oficial no Japão, antes de vir para cá. Não o conheci pessoalmente, pois quando nasci ele já era falecido.
De meus tios e tias, só o mais velho nasceu no Japão. Os demais nasceram no Brasil, e alguns, como o meu pai, tem registro japonês também. Eles se fixaram primeiro na região de Cafelândia, Marília, estado de São Paulo.
A minha avó (minha batian, que Deus a tenha) viveu conosco até eu ir para o Japão, em 1991. Nesse mesmo ano, veio a falecer. Fiquei sabendo por telefone, meses depois. Foi com ela que aprendi o pouquíssimo da língua japonesa que sabia até então. Nunca fui ligado à cultura nipônica, achava "careta", embora adorasse os desenhos e seriados de lá do outro lado do mundo. Ela também sabia muito pouco do português, mas eu gostava muito dela. E uma coisa que me dói muito até hoje: eu tinha muito medo da morte dela e que se fosse acontecer, que eu não estivesse presente. Dito e feito, mas o efeito foi muito mais doloroso ainda. A tristeza de não estar perto dela em seus últimos dias, e ficar meses indiferente da situação, doeu demais. Eu falava com amigos que a primeira coisa que iria fazer quando retornasse ao Brasil, era tentar me comunicar com ela em japonês... não deu tempo.
Durante a permanência no Japão, visitei com meu pai e tios alguns parentes na província de Ibaraki, coincidentemente, região em que trabalhei todo o período como dekassegui.
Visitamos a casa e até o cemitério da família. Nos trataram muito bem, mas notei uma certa distância deles. É normal, pois éramos todos estranhos para eles, e vice-e-versa. Isso foi em 1994 ou 1995, não me lembro bem, mas não tivemos mais nenhum contato depois.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil