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Meus pais sempre me apoiaram em minhas escolhas artísticas, e sou muito grata, pois sei que isso, às vezes, não acontecia em algumas famílias. Eles são bem tradicionais, mas nunca me proibiram de fazer nada. Sempre tive muitos amigos descendentes e não-descendentes, e quando a gente é criança, acaba comparando nossos pais com os pais não-orientais. Com o tempo percebemos que o amor é igual, só a forma de manifestar é diferente. Nós somos mais contidos, menos espalhafatosos.
Meus avós gostavam de arte, poesia. Meu pai costumava pintar, eu sempre incentivo ele a praticar, agora que já se aposentou. A primeira vez que meus avós viajaram de avião foi do Japão para o Brasil. Eles ficaram em casa e adoraram! Foram muito bem recebidos por nós e pelos amigos dos meus pais. Fico emocionada quando lembro disso… Meu avô queria conhecer Brasilia, e meu pai dizia que, para entender a imensidão do Brasil, não adiantava ir de avião. Acabaram indo de ônibus! Levamos eles para Foz do Iguaçu (PR) também, e meu avô fez um raikai (poema) sobre aquelas cascatas, foi tudo muito bom.
Quando voltaram para o Japão, estavam maravilhados. Lá as casas são muito pequeninas, e na nossa aqui havia banheiro da empregada, banheiro no quarto da minha mãe, eles diziam “nossa, mas tem um mooonte de banheiro!” (risos). Mas aqui éramos só classe média, normal. Duas tias minhas por parte da minha mãe também vieram, amaram, teve uma que queria largar tudo e vir morar no Brasil.
Depoimento ao jornalista Leonardo Nishihata
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Mari Kanegae
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil