Conte sua história › Setsuo Kinoshita › Minha história
Eu nasci e cresci na cidade de São Paulo. Sou filho de uma mãe japonesa e de um pai nissei. Ela veio de Hokkaido, norte do Japão, na década de 30, com uns cinco ou seis anos, para trabalhar nas lavouras. Eu sei que meu avô trabalhava com hortelã em Paraguaçu Paulista (SP). A história é um pouco parecida com aquela novela que passou no Brasil pela NHK, Haru e Natsu – As Cartas que não chegaram. Os personagens também saíram de Hokkaido e vieram pelo porto de Kobe. Foi o mesmo trajeto pelo qual a minha mãe passou.
Meu pai é nascido no Brasil, na cidade de Álvares Machado (SP). A família veio da província de Tokushima. Eu perdi meu pai quando tinha 11 anos, então não tive muita oportunidade de conversar com ele.
Tenho quatro irmãs, sendo que duas estão no Brasil e duas no Japão.
Eu me lembro que a comida em casa era, basicamente, japonesa. O arroz era sempre feito na forma japonesa. Se bem que, às vezes, a gente misturava o gohan com feijão.
Freqüentei o nihongakkou quando criança. E lembro que toda colônia nikkei costumava andar em grupo. O pouco de japoneses que tinha no ginásio, no colegial, sempre acabava se juntando.
Sou formado em processamento de dados pelo Mackenzie. Até terminar a faculdade, não sabia nada de japonês, não entendia o idioma. Aí eu fui fazer a faculdade de língua japonesa na Universidade de Tenri, no Japão. Estudei dois anos e, com a convivência, eu aprendi a falar o idioma. Atualmente, estou fazendo outra faculdade, a Faculdade Paulista de Artes e me especializando em Musicoterapia.
Trabalhei em quatro escolas japonesas que tinham alunos brasileiros, filhos de dekasseguis. E, mesmo naquela época, em 1992, eles já tinham o problema de choque de culturas. As crianças só falavam em português e ninguém entendia o que elas queriam falar. Por isso, não tinham muitos amigos e se revoltavam. E eu sempre estava lá como tradutor para tentar auxiliar.
Nas idas e vindas ao Japão, conheci a Mitsue na província de Nara e acabamos nos casando em 2000.
Depoimento à Nádia Sayuri Kaku
Fotos e vídeos: arquivo pessoal de Setsuo Kinoshita
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil