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Meus pais nasceram na ilha de Formosa, hoje Taiwan, durante a época do domínio japonês. Meu pai, inclusive, lutou pela Marinha japonesa na Segunda Guerra Mundial. Ele era muito jovem, devia ter uns 20 anos, e trabalhava em um submarino. Tanto é que uma vez ele escreveu: “Encontrei Deus no fundo do mar”. Quando a guerra acabou, ele foi para o Japão estudar teologia e acabou se tornando pastor da Igreja Protestante.
Pouco depois de se casar com a minhã mãe, ele foi enviado como missionário para Matsusaki, uma cidade praiana perto de Tóquio, onde meu irmão mais velho nasceu. Depois eles foram para Hiroshima, onde eu nasci. E, quando eu tinha 2 anos, resolveram vir para o Brasil. Meu pai havia sido convidado para ser pastor numa igreja da colônia japonesa em São Paulo. Chamava-se Igreja Sul-Americana. Nosso caso era um pouco diferente dos outros imigrantes, que vieram sem saber qual era o rumo. Nós já tínhamos até casa onde morar.
Cheguei ao Brasil em dezembro de 1957. Foram 60 dias de viagem. Viemos pela Índia e pela costa africana. Parece que foi uma viagem meio traumática, porque o navio era pequeno e balançava muito. O nome era “Chisadane”, que em japonês quer dizer “barco pequeno”. Segundo me contaram, meu pai chegou a montar um coro dentro do navio. Ele havia estudado música também, além de teologia, e no Japão ele liderava muitos grupos vocais da igreja. Em São Paulo, algumas pessoas que estavam no navio formaram um coro, e durante 15 anos meu pai regeu esse coro da colônia.
Depoimento ao jornalista Xavier Bartaburu
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Naomi Munakata
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil