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Venho de um contato muito próximo, permanente e antigo com a colônia japonesa. Em Mogi das Cruzes (SP), onde morei durante minha infância, metade dos meus colegas de ginásio era nissei. Eles eram meus irmãos, meus colegas, meus amigos, meus companheiros de brincadeira. Trocávamos muita informação, palavras, canções. Eu freqüentava a casa deles, aprendi a comer comida japonesa, que não era uma coisa muito comum na época. Fiz grandes amigos que permanecem até hoje. Às vezes, encontro alguns colegas por aí e é uma satisfação falar sobre os velhos tempos e sobre os novos também.
Esse contato com a comunidade japonesa foi muito bom, principalmente porque depois eu encontrei a Alice, que é da família Takeda, com quem me casei e tenho três filhos mestiços: a Marina, o Mauro e o Maurício (assista ao vídeo em que Maurício conta como começou o namoro com Alice no Japão) Eles me aproximaram ainda mais das minhas raízes em Mogi e, com esse convívio dentro de casa, passei a entender mais e melhor como funciona a cultura japonesa. Hoje eu uso roupão japonês, tiro o sapato quando chego em casa. E me inseri nesse mundo porque eu quis, porque gostei da cultura nipônica.
Na parte da filosofia oriental, contamos com o rigor da Alice na orientação e na condução da educação dos nossos filhos. E todo mundo tem boas notas por causa disso. De alguma maneira, na nossa cultura brasileira antiga também havia esse rigor. Lembro-me da minha avó e da minha mãe tendo atitudes parecidas.
De tudo isso veio a inspiração para que eu criasse o Hiro, meu primeiro personagem nissei, depois teve o Massaru, a Neusinha, namorada do Pelezinho e, finalmente, a Marina, o Nimbus e o Do Contra. A Marina é minha filha desenhista, o Nimbus é o Mauro e o Do Contra, o Maurício (conheça esses personagens no vídeo e na Galeria de Fotos).
De todas as influências que tive e tenho da cultura japonesa nas minhas criações, a maior delas foi do grande desenhista e mestre Tezuka Osamu, que foi o inventor do mangá, primeiro na história em quadrinhos e depois em animação. Tivemos uma relação muito próxima e trocamos muitas informações até sua morte, no fim do século passado. A própria Alice aprendeu a ler nas histórias em quadrinhos japonesas, nos mangás. Muito do que fazemos aqui brota do traço límpido do Tezuka (veja o vídeo em que Maurício fala sobre a influência do mangá em seus desenhos).
Depoimento à jornalista Juliana Almeida
Fotos: Carlos Villalba, Mauricio de Sousa Produções e arquivo pessoal
de Maurício de Sousa
www.monica.com.br
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
Ouça a música "Terra do sol nascente" feita pelo Maurício de Sousa Produções para as comemorações do Centenário
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil