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Agora, depois de adulta, não penso em morar no Japão de novo. Desde que viemos para São Paulo, a gente vive no Butantã, que é um bairro bem tranqüilo. Moro na mesma casa há quase quarenta anos. Aquilo ali (aponta para as árvores) é o Instituto Butantã. Todo domingo a gente ia para a Cidade Universitária da USP, passear de bicicleta. Meus filhos cresceram brincando lá, jogando futebol. Hoje eles continuam morando todos aqui perto.
A educação dos meus filhos foi bastante japonesa. Quando meu primeiro filho ia à escola, essa coisa de feriado para mim não existia, não podia faltar, tinha que cumprir horário. Tive um homem e duas meninas, Jaime, Sandra e Flávia. Os nomes brasileiros foram escolhidos pelo meu marido, mas nós os chamamos pelos nomes japoneses: Yukio, Emi e Lumi.
Também tenho um neto de 3 anos e meio, o Pedro. É filho do meu filho mais velho. Ele ainda não tem nada de mestiço, mas minha filha mais velha já é casada com um não-descendente. Para mim tudo bem, meus pais já eram assim, nunca saiu da boca deles alguma discriminação com o povo brasileiro. Sempre tive amizade com brancos e negros, e nunca falaram nada.
Adoro meu neto, tenho bastante contato com ele. Sou uma avó coruja. Ele começou a ir à escola. Esses dias eu estava de férias, então aproveitei e fui buscá-lo. A professora que estava junto apontou para mim e disse: “Aquela é sua avó”. E ele: “Não é avó, é minha batian”. Agora ela vem com ele e fala: “A sua batian chegou”.
Depoimento ao jornalista Leo Nishihata
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Tamie Kitahara
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil