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Adoro música brasileira. Bossa nova é linda. Sempre quis aprender a dançar e cantar samba. Gosto porque estou no Brasil, e quando tocam música, você fica com vontade de participar, mexer o corpo, se integrar. Mas para nós, que praticamos música japonesa, é muito difícil acompanhar o ritmo. Meus filhos ainda quebram o galho, dão aqueles passinhos de samba, mas a gente nem aquilo consegue. Pode reparar. Japonês tem mania de mexer só a parte de cima do corpo.
Os japoneses usam muito a moeda de go-en (moeda de 5 ienes, que tem um furo no centro) como amuleto para trazer bons encontros para você. Sempre tive a sorte de encontrar boas coisas. Minha sensei aqui no Brasil era uma excelente professora, mas teve que voltar para o Japão. Tive que aprender muita coisa sozinha e me sentia insegura. Ela acabou pagando minha passagem só para eu ir lá e me aperfeiçoar com ela. Depois, uma das minhas alunas ganhou um concurso para ir ao Japão se apresentar. Ela disse “graças a você”, e me deu outra viagem de presente!
Quando vou para lá, estranho algumas coisas. Uma vez fomos encontrar o grão-mestre, o chefe da escola do meu estilo. Eu cumprimentei-o me curvando de pé, o chão não era nem de tatame. Aí minha outra professora mandou ajoelhar no chão para cumprimentar, e não fazer isso de pé. Eu não sabia que era assim, porque aqui isso não existe. Meus alunos brasileiros me respeitam no ensino, mas são como amigos, e gosto disso também.
Depoimento ao jornalista Leo Nishihata
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Tamie Kitahara
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil