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Minha mãe era professora de dança tradicional japonesa. Aprendi a tocar koto (espécie de cítara, com 13 cordas) na escola, ainda no Japão. Mas meus pais não trouxeram nenhum para cá, e eu nem imaginava tocar. Só depois de adulta, já casada, com meus filhos meio grandinhos, encontrei uma professora de koto que estava no Brasil. Comecei a fazer apresentações como aluna, em eventos, e quando ela voltou para o Japão, acabei assumindo as aulas dela.
Gosto de dar aula, ensinar. Nossa, adoro! Meu grupo é famoso pela juventude [risos]. Tem quatro ou cinco senhoras, e o resto está todo na faixa etária de 15 até 30, 40 anos. Tem até criança de 8 anos. Muitos não-descendentes, também.
A poesia cantada na música do koto mostra como a linguagem japonesa é rica e bonita. Às vezes tenho que traduzir, pois é preciso entender cada palavra que se canta, estudar o significado das palavras mais antigas. Quando explico para os alunos o que a música significa, eles ficam fascinados. Sinto-me realizada, com orgulho de ser japonesa.
Aqui no Brasil também aprendi min’yo (música folclórica japonesa, com performances de canto e dança). Ganhei um concurso de min’yo e o prêmio era uma viagem para cantar no Japão. Fazia 27 anos que eu tinha saído de lá, e uma amiga de infância conseguiu reunir meus colegas e alguns professores. Eu sou japonesa, mas já cumprimento abraçando – gosto muito de abraço, beijo. Quando vi minha amiga no aeroporto, cheguei abrindo os braços e ela foi se afastando, espantada [risos].
Engraçado é que, de todas as minhas amigas, nenhuma mantinha contato com a cultura japonesa, apesar de morarem lá. Eu era a única que cantava e tocava koto e shamisen (instrumento de três cordas).
Depoimento ao jornalista Leo Nishihata
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Tamie Kitahara
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil