Conte sua história › Fernanda Takai › Minha história
Eu tenho lembranças fotográficas da Serra do Navio, no Amapá, onde nasci. Como bom filho de japonês, meu pai gostava de fotografar muito e sempre exibia slides de suas fotos. Eu saí do Amapá com dois anos, morei na Bahia por seis anos e depois fui para Belo Horizonte (MG). Eu me lembro que, em todas essas cidades, era comum todo domingo meu pai pegar a caixinha de fotos dele e mostrar determinada época da nossa vida. Eu tenho muitas fotos do meu período lá na Serra (veja a Galeria de Fotos). Engraçado que os bichos de estimação no meio da floresta são diferentes da civilização. Havia arara, cobra, macaco, jaguatirica! Quando eu mostrava as minhas fotos para os meus amiguinhos na Bahia e em Belo Horizonte, eles comentavam “Nossa, você brincava com uma oncinha!” (assista ao vídeo sobre as lembranças de infância de Fernanda).
Todas as minhas mudanças foram por conta de transferências do meu pai e da minha mãe por causa do trabalho. Morei em Salvador e depois em Jacobina, uma cidade pequenininha, por seis anos. Lá eu costumava ser a melhor da turma, ganhar medalha. Quando vim para Belo Horizonte, entrei num colégio muito puxado e minhas notas pioraram muito, essa fase foi um pouco difícil, mas logo eu peguei o ritmo de novo.
Lembro que uma das primeiras coisas que eu senti diferença é que meus coleguinhas mineiros percebiam meu sotaque baiano. E o clima em Belo Horizonte era bem mais frio, eu vim no inverno e na primeira semana fiquei com os lábios rachados. Mas quando a gente é criança, fica bem adaptado rapidamente, você logo vai assimilando como as pessoas locais se comportam, porque você quer se integrar, então logo eu virei “baianeira”.
Minha família ficou em Minas até 1992, quando todos eles foram para Goiás. E eu fiquei em BH porque estava no último ano do curso de Comunicação Social da UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais]. Na época, a minha banda estava começando também, então havia algumas coisas que me prenderam na cidade. Minha mãe e meus irmãos voltaram de Goiás só depois que meu pai morreu. Hoje todos moramos em Belo Horizonte.
O meu irmão mais novo, o caçulinha, que é engenheiro, foi para o Japão e fez pós-graduação e trabalhou no Japão por quatro anos. Ele acaba de voltar ao Brasil.
Depoimento à jornalista Sílvia Amélia de Araújo
Fotos: Eugênio Sávio e arquivo pessoal de Fernanda Takai
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
As férias de infância na casa dos avós japoneses
30.000 Pés (Fernanda Takai/John Ulhoa). Disco: Daqui Pro Futuro. Selo: Rotomusic/Tratore
Mamã Papá (Fernanda Takai/John Ulhoa/Rubinho Troll). Disco: Daqui Pro Futuro. Selo: Rotomusic/Tratore
Vagalume (Fernanda Takai/John Ulhoa). Disco: Daqui Pro Futuro. Selo: Rotomusic/Tratore
As opiniões emitidas nesta página são de responsabilidade do participante e não refletem necessariamente a opinião da Editora Abril
Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil