Conte sua história › Rose Mieko Ishiy › Minha história
A história da minha família no Brasil começou em 1932, quando minha bá, Kikue Ishiy, na época com 28 anos, e seu marido Kiyoji Ishiy, 39 anos, saíram com suas duas filhas Shizuko, 5 anos, e Yuriko, 2 anos, e com a Tia Tokie Oka, na época, Koga, e seu filho de um ano, do Porto de Kobe, onde iniciaram a viagem para o Brasil, que durou cerca de 40 dias, a bordo do Navio Santo Maru, desembarcando no Porto de Santos, em 5/10/1932. De Santos/SP, seguiram de trem até Guararapes, na Fazenda Nossa Sra. de Lourdes ( Sociedade Agrícola Prudente Correa) para trabalharem nas Fazendas de café.
Recentemente, em uma pesquisa no Memorial do Imigrante, descobri que minha tia Shizuko, a Obasan Tokie e seu filho não puderam desembarcar em Santos, nessa mesma época, indo para a Argentina e retornando posteriormente. A data desse fato ou maiores informações ? ninguém sabe... e quem poderia esclarecer não está mais ente nós...
Lembro que minha batiam dizia que foi uma época muito difícil... que não conheciam a comida daqui e que não estavam acostumados com o trabalho pesado imposto... Nada era da forma descrita no Japão, onde diziam que no Brasil nascia dinheiro em árvores e todos, rapidamente, ficariam ricos e voltariam ao Japão.
Minha vó deu aulas de ninhongo na comunidade onde vivia e lembro que uma vez me contou que, durante a segunda guerra, as escolas japonesas tiveram que ser fechadas... Ainda guardo, como lembrança, alguns livros utilizados por ela nas aulas...
Batiam teve no Brasil outros 4 filhos : meu pai, Hitomi, e meus tios Kenji, Fukio e Tamiko. Mudaram-se para Duartina/SP, de onde meu pai saiu para estudar em São Paulo, indo morar com sua tia Tokie no Bairro de Pinheiros, onde eles possuíam uma peixaria.
Um dia, em uma comemoração no Nihon Gakko, onde estudei, Seifujuku Gakuen, na Vila Constãncia, em São Paulo, um senhor de bastante idade lembrou de meu pai e perguntou se ele havia morado em Pinheiros, pois frequentava a peixaria. Nossa, meu pai ficou espantado, desse fato já haviam se passado mais de 40 anos...
Minha vó veio morar com meu pai, em São Paulo, depois que ele casou, fazendo nossa alegria ao contar as histórias de sua terra, ao nos ensinar músicas... Somente conseguiu retornar ao Japão, a passeio, após mais de 40 anos... nunca aprendeu a falar português, mas nos ensinou a lição mais importante de todas, a termos paciência, mesmo quando as coisas não são como esperavamos...
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil