Conte sua história › Takako Katsuren Guenka › Minha história
Da cultura japonesa, eu mantenho mais o costume da comida. No almoço, na janta, os pratos são todos do Japão. Quando estou de folga, toco shamisen (instrumento musical de cordas) - mas sozinha, em casa.
Já voltei para o Japão duas vezes. A primeira foi em 1990, para Okinawa, depois de 32 anos no Brasil. Já mudou muita coisa. A gente não sabe onde brincou. A estrada de terra agora é asfaltada. Os parentes, amigos... Eu estranhei muito. Fizeram uma festa de confraternização, que foi engraçada. Eu não sabia quem era colega e quem era professor, porque todos estavam com os cabelos brancos. Na segunda viagem, em 1993, fui para Hokkaido, para visitar meu irmão e meus pais, que foram para lá como dekasseguis em 1991 e vivem lá até hoje. Fui ao Japão só para passear. Sentir saudade, sempre sinto. Mas, para morar e viver, prefiro o Brasil mesmo.
Um fato marcante foi o dia 11 de setembro de 2001, dia das [quedas das] torres gêmeas nos Estados Unidos. Dei entrevista por telefone para a [emissora japonesa] NHK, para um programa de rádio chamado “Chikyu Radio”. Primeiro, eles viram em um jornal japonês de São Paulo uma matéria comigo, falando sobre o sobá. Daí, ligaram para a matriz da associação Okinawa em São Paulo, que entrou em contato com o clube em Campo Grande. E fizeram o contato para a entrevista e para falar sobre o sobá.
Eu ganhei de presente um rádio só para escutar o programa (as freqüências são diferentes da do Brasil). Aí acabei virando "correspondente". Eles me passavam por fax as notícias do programa e, em troca, eu enviava o que estava acontecendo aqui. Isso foi até 2004. Depois eu cansei.
Depoimento ao jornalista Luciano Shakihama
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil