Conte sua história › Renato Kenji Nakaya › Minha história
Logo que entrei na faculdade, meu pai falou: “você é o último filho. Quando você se formar, vamos decidir se você vai continuar com a fábrica”. Meu irmão já tinha ido para a área de lojas de presentes, e a minha irmã já tinha se formado em saúde pública e trabalhava para o governo do Estado. Aí, quando eu me formei, em 1971, eu falei que gostaria de estender meus estudos para a área de alimentos, para ver se eu gostava dessa área. Meu pai, então, disse para eu ir ao Japão, fazer um estágio em fermentação de produtos em uma fábrica de shoyu. Foi o que eu fiz. Quando eu voltei, decidi continuar. Não digo que sobrou para mim, mas eu fiz a empresa do jeito que ela está hoje (ouça o áudio em que Nakaya conta mais detalhes sobre o início de sua carreira).
Quando eu assumi, tínhamos uns cinco ou seis empregados, fora os membros da família. Hoje são 300 funcionários diretos em São Paulo, Boituva, Presidente Prudente e Ouvidor, onde estão as fábricas próprias da Sakura. Na época em que meu pai me passou o bastão, fazíamos só molho de soja e missô. Em 1973, lançamos a família Kenko, que consistia de molho inglês e molho de pimenta. Em 1981, lançamos a linha Daiti, que é o saquê. As outras marcas foram incorporações. Hoje nós fabricamos 270 produtos, mas nem todos vão para as gôndolas de supermercado. Temos uma divisão de ingredientes para a indústria de alimentos, e outra de produtos para bares e restaurantes.
Agora nós estamos enviando molho de soja Sakura para o Japão também, para atender aos dekasseguis, que sentem saudade do nosso sabor, um pouco diferente do shoyu japonês. Mas o mais interessante é que estamos conseguindo entrar em alguns supermercados de japoneses. As pesquisas mostram que alguns executivos, que trabalharam no Brasil e voltaram para o Japão, gostaram tanto do nosso sabor que estão também consumindo o nosso molho.
A Sakura é a única empresa no mundo que fabrica shoyu com milho. Essa é uma tecnologia que surgiu no Brasil. As pessoas no Japão se assustam bastante, e dizem: “Não é possível! Um shoyu brasileiro! E produzido com milho!” Eu creio que nós estamos representando o Brasil no Japão.
Depoimento ao jornalista Xavier Bartaburu
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Renato Nakaya
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
Nakaya fez estágio em uma fábrica de shoyu no Japão
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil