Conte sua história › Renato Kenji Nakaya › Minha história
Minha infância toda eu passei aqui, ao lado da fábrica. Até o ginásio nós praticamente só convivíamos com pessoas da comunidade. Não sei se era a necessidade da própria comunidade de se auto-proteger ou se seguia aquele senso associativo que os orientais têm, mas as famílias de origem japonesa sempre incentivaram a construção de vários clubes de bairro. Eram os kaikans, onde as pessoas faziam casamentos, festas poliesportivas (as undokai). Eram festas muito divertidas! Além de esporte, tinha muita comida. As famílias traziam o bentô, doces como o moti e o ohagui, muita coisa gostosa.
Depois do ginásio, já começamos a ter amizade com pessoas de fora da comunidade. E, quando a gente trazia colegas de escola para casa, nossos pais tentavam oferecer pratos da culinária brasileira, para agradar. Era pipoca, bolo, bife, feijão. A gente tinha um medo danado de dizer que comia peixe cru. Na época, isso era muito difícil de aceitar.
Em 1966, entrei na faculdade de engenharia química, na FEI. Mas não deixei de ajudar na empresa. E eu ainda trabalhava em banco e, nas horas vagas, dava aula de ciências, para completar os rendimentos. Foi na faculdade que eu conheci minha atual esposa, Marisa. Ela estudava química industrial e a gente se trombou. Ela é descendente de italianos e, por causa disso, meus pais dificultaram o namoro. Fizeram de tudo para que não acontecesse o enlace. A cultura do “miai” ainda era muito presente. Até que os amigos do meu pai falaram para ele: “Para que dificultar se pode facilitar? Enfim, estão no Brasil, e não no Japão.” Casamos em 1974, depois de oito anos de namoro.
Depoimento ao jornalista Xavier Bartaburu
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Renato Nakaya
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
Nakaya fez estágio em uma fábrica de shoyu no Japão
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil