Conte sua história › Renato Kenji Nakaya › Minha história
Quando eu nasci, minha família morava no Brooklin Paulista, na Avenida Adolfo Pinheiro, em São Paulo. Mas, depois de dois anos, nós já viemos para a Vila Carrão (onde está a fábrica da Sakura). A fábrica já existia. Era de um parente daquele tio que convidou meu pai para trabalhar em São Paulo. Ele havia construído a fábrica para fazer shoyu também, mas não foi muito feliz. Aí ele passou para o meu pai. Isso foi por volta de 1946.
A gente morava do lado da fábrica, por causa dos fermentos. Na hora em que o koji precisava ser misturado, você tinha que estar lá. Todos nós participávamos do processo. Eu, meus irmãos, todo mundo. Era uma empresa familiar, não tinha tanta gente trabalhando. Nós misturávamos, ajudávamos a fazer a prensagem, colocávamos nos tonéis e transportávamos. Não tínhamos carro nem caminhão. Era preciso alugar esses carreteiros para distribuir os produtos.
Naquela época o molho de soja era fermentado em tonéis, como aqueles usados para vinho. Nós levávamos esses tonéis para os armazéns de secos e molhados e tínhamos que fornecer também a torneirinha de madeira. Na época, as pessoas vendiam o shoyu por litro. As famílias japonesas vinham com o caneco ou com aquelas garrafas de leite bojudinhas e tiravam direto dos tonéis. Quando eles ficavam vazios, nós tínhamos que ir buscar, trazer de volta, lavar tudo e deixar em ordem para ser envasado de novo. Eliminamos esse processo na década de 1960, quando começaram a aparecer as garrafas de vidro.
Depoimento ao jornalista Xavier Bartaburu
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Renato Nakaya
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
Nakaya fez estágio em uma fábrica de shoyu no Japão
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil