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Meus pais ficaram aproximadamente três anos na fazenda de café em Promissão (SP), nos anos 30. Meu pai foi acometido de maleita e teve que vir a São Paulo para fazer o tratamento. Na época, ele conseguiu um emprego em uma loja de um parente, para consertar óculos e relógios. Como minha irmã já estava na escola e sabia alguma coisa de português, ela ajudava meu pai a se comunicar com os clientes ( assista ao vídeo em que Renato conta como foi a vinda de sua família para São Paulo).
Na época já havia alguma migração de japoneses do interior para as capitais. E as pessoas precisavam do molho de soja e do missô. Enquanto moravam no interior, os japoneses faziam o shoyu artesanal em casa. Mas em São Paulo, como não tinham mais tempo, alguém tinha que fazer para eles. Meus pais, então, começaram a fazer molho de soja em sistema artesanal, e começaram a receber pedidos da família e de amigos.
Eles até tentaram fazer com trigo, o ingrediente original, mas na época era muito difícil de achar. E, se você não tiver trigo, pode fazer shoyu com milho, que também tem muito amido. Com aveia, cevada, também dá. Mas no Brasil, na época, encontrava-se com mais freqüência o milho. E foi o que o meu pai usou. O gosto fica um pouco diferente. Mas, para os japoneses da época, era a única alternativa à mão.
No sistema artesanal, é preciso misturar o feijão de soja e o milho de hora em hora, até de madrugada. Essa mistura, chamada “koji”, desprende muito calor. Se você não misturar e pulverizar com água para esfriar, ele queima. E quem fazia isso era a minha mãe. De hora em hora (assista ao vídeo e conheça como era a produção artesanal do shoyu).
Meu pai constituiu a companhia em 1940. A marca que ele lançou era Hinode, que em japonês quer dizer sol nascente. Dez anos depois, não sei por que, ele mudou para Sakura. E eu acho que ele foi muito feliz na escolha do nome.
Depoimento ao jornalista Xavier Bartaburu
Fotos: Carlos Villalba e arquivo pessoal de Renato Nakaya
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
Nakaya fez estágio em uma fábrica de shoyu no Japão
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil